Na coletiva de imprensa que Lula concedeu nesta segunda-feira no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o ex-presidente foi questionado por um repórter da agência de notícias espanhola EFE sobre sua opinião a respeito dos protestos em Cuba e também da recente repressão a jornalistas na ilha caribenha. O regime cubano retirou credenciais de profissionais da EFE às vésperas de uma marcha oposicionista marcada para esta segunda no país socialista. Lula ouviu a pergunta do serviço de tradução simultânea e disse que não entendeu o questionamento, que foi repetido. O ex-presidente não comentou o caso específico dos jornalistas. Ele optou por fazer a sua já conhecida defesa do fim do bloqueio dos Estados Unidos à ilha e fez uma crítica sutil ao regime cubano, que tem reprimido com violência as manifestações. Ele disse que “os cubanos também sabem que quando tiver protesto nós temos que conversar para saber o porquê”.
“É um direito das pessoas dizerem o que gostam e o que não gostam. Eu sei que nós ficamos incomodados. Todos os políticos adoram aplausos. Todos os políticos odeiam vaias, discordâncias, mas lamentavelmente é assim que a política é. Quando você está disputando a eleição, você anda de carro aberto só abanando para o povo. Quando você ganha, você entra em um carro blindado, você não consegue mais nem cumprimentar o povo. Aquele cara que está te vaiando é um cara que possivelmente votou em você. É uma pessoa que está descontente com alguma coisa”, disse.
Lula dedicou parte de seu tempo na resposta para criticar os Estados Unidos e o embargo. Segundo ele, a ilha “tem uma singularidade que não podemos aceitar nunca”. “Não é justo, normal, democrático ou prudente para a questão dos direitos humanos um bloqueio durar 60 anos. Não é normal que os Estados Unidos não aprendam que perderam a revolução para os cubanos e que ele precisa permitir que os cubanos decidam seu próprio destino”, disse.
Ele lembrou que conversou sobre o assunto em encontro com George Bush quando ambos ocuparam as respectivas presidências de seus países. “Por que os EUA não pensam em abrir democraticamente a sua relação com Cuba? Qual é o problema? É uma eterna Guerra Fria, uma eterna perseguição. Como se estivessem aprisionando um filho rebelde amarrado a uma mesa. Eu fico triste de saber que os americanos não têm a grandeza de compreender que os cubanos têm que ter liberdade de decidir o seu destino. Eu vou morrer reivindicando o fim do embargo”, afirmou.