PL aprovado no Senado pode desvirtuar mercado de carbono, diz associação
Nota técnica da Associação Brasileira de Bioinovação apontou pontos controversos apontados pelos senadores

Aprovado na Comissão de Meio Ambiente do Senado com o apoio do governo Lula na quarta-feira, o projeto de lei que regulamenta o chamado “mercado de carbono” foi alvo de críticas da Associação Brasileira de Bioinovação. Um nota técnica da entidade aponta que a pressa para sancionar resultou na aprovação de alguns “pontos controversos”.
Segundo a ABBI, o texto estabelece limites para emissão de gases de efeito estufa e cria um mecanismo de compensação para quem não cumprir esse teto, mas abre a possibilidade de se cobrar por emissões, mesmo que elas ocorram dentro dos limites impostos pelo próprio governo, o que abriria brecha para transformar o mercado de carbono em uma política arrecadatória.
Outros dois pontos são a alta tributação prevista no PL 412/2023 e a permissão de que os créditos sejam comercializados em mercados não organizados, fora de bolsas de valores e de mercados futuros, por exemplo, que são submetidas ao controle da Comissão de Valores Mobiliários. Isso facilitaria a negociação de créditos inexistentes, os chamados créditos fantasmas ou podres.
“O projeto aprovado pelo Senado precisará de ajustes pela Câmara. É antagônico permitir a cobrança por emissões de carbono dentro de limites estabelecidos pelo próprio governo, assim como a carga tributária prevista é excessiva. Ainda, revogar o dispositivo da Política Nacional de Mudanças do Clima, que prevê a comercialização em Bolsa de Valores, pode comprometer a credibilidade dos créditos comercializados”, resume o presidente executivo da ABBI, Thiago Falda.