Pastor pediu R$ 100 mil após mediar encontro de Ribeiro com empresário
Investigação recolheu notas fiscais e comprovantes de depósitos de 50.000 reais nas contas do genro do pastor Arilton Moura e de um servidor do MEC
Documentos do Ministério Público Federal mostram que a investigação da Polícia Federal e da CGU sobre o “gabinete paralelo” de pastores no Ministério da Educação apontou que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos pediram 100.000 reais de propina a José Edvaldo Brito, um empresário de Piracicaba (SP), para mediar um encontro do empresário com o então ministro da pasta, Milton Ribeiro, e garantir a participação de Ribeiro num evento em Nova Odessa (SP).
“Arilton solicitou a emissão de passagens aéreas para a comitiva e, a título de colaboração, a quantia de 100.000 reais”, diz a investigação.
O empresário foi, de fato, recebido por Ribeiro no MEC. O ministro também viajou a Nova Odessa para participar do evento. Para provar o pagamento ao pastor, o empresário apresentou notas fiscais do depósito de 20.000 reais para Luciano Freitas Musse, à época gerente de Projetos do Ministério da Educação, e de 30.000 reais na conta de Helder Bartolomeu, genro do pastor Arilton.
“Como bem apontado pela autoridade policial, os crimes ora investigados foram praticados no âmbito do Ministério da Educação e, ao que tudo indica, com o respaldo do então chefe da pasta, Milton Ribeiro”, diz o MPF.
Para os investigadores, a sequência de fatos mostra que Ribeiro “conferia prestígio” aos integrantes da “organização criminosa” que montaram um “gabinete paralelo no MEC”.
“As camadas de atuação são perceptíveis e individualizam perfeitamente as condutas, sendo o ex-ministro da Educação quem conferia o prestígio da administração pública federal à atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC”, diz o relatório da investigação enviado ao juiz Renato Borelli.
Os investigadores citam a entrega de medalhas aos pastores para corroborar essa tese de favorecimento de Ribeiro na pasta. “A infiltração” de integrantes do esquema no MEC, segundo os investigadores, “demonstra a sofisticação da atuação agressiva da Organização Criminosa, que indica desprezo à probidade administrativa e fé pública”.