Oposição aos jogos é ‘falha de visão dos religiosos’, diz deputado do PP
Júlio Lopes diz ter respeito pela posição dos evangélicos ao projeto mas diz acreditar que ele trará recursos sobretudo para seu estado, o Rio de Janeiro
O deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ) foi um dos que votou pela aprovação da lei que legaliza os jogos de azar no Brasil, uma proposta que contraria os interesses das igrejas e que tem a oposição pública de Jair de Bolsonaro, que disse que vetará a matéria caso ela passe pelo Senado.
Lopes disse ao Radar que respeita a oposição dos religiosos, em especial a do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), presidente da bancada evangélica no Congresso, mas defende que a legalização do jogo vai aumentar a receita com impostos e trazer novos investimentos para a economia, sobretudo no seu estado, o turístico Rio de Janeiro.
Ele disse que religiosos teriam uma “falha de visão” no assunto por não enxergarem que a proibição não impede que o jogo aconteça, além de não reconhecerem o potencial de negócios envolvido na legalização.
Como pessoa identificada com o conservadorismo, Lopes disse que entende a questão moral envolvida, mas defende que sejam criados mecanismos para evitar abusos de apostadores, controlar vícios e criar políticas públicas para atender usuários com problemas.
“Quando o [presidente Eurico Gaspar] Dutra proibiu o jogo em 46, ele alegou que seria pela moral e pelos bons costumes. Os cassinos tinham orquestras, as maiores apresentações artísticas, grandes espetáculos e shows, enfim. Tudo isso acabou, menos o jogo. Ele apenas pegou uma ‘imoralidade’ e jogou para a contravenção”, disse Lopes.
“Há atualmente mecanismos modernos para liberar o jogo e proteger a sociedade. Você poderia, por exemplo, identificar uma pessoa com problema com apostas pelo CPF e impedi-la de entrar em um cassino. Hoje se uma pessoa torra todo o dinheiro dela num site de apostas, ela está dando dinheiro para uma empresa no exterior. Se gastasse aqui, o imposto ficaria aqui. Eu respeito a oposição que o Sóstenes faz, mas acho que infelizmente é uma falha de visão dos religiosos com o tema”.