O plano de Lula para reverter a reforma trabalhista
O ex-presidente disse que o governo Temer e empresários prometeram uma "ponte para o futuro", cavaram um abismo e esqueceram de fazer a ponte
Na entrevista que concedeu há pouco à Rádio Passos FM, de Minas Gerais, o ex-presidente Lula voltou a criticar a reforma trabalhista aprovada em 2017, no governo de Michel Temer, ironizou a “Ponte para o futuro” do emedebista, e explicou como pretende restabelecer os direitos de trabalhadores.
“Nós deveremos fazer o que qualquer país civilizado e democrático tem que fazer. Nós tivemos uma reforma que não foi reforma, foi uma destruição”, declarou o petista, ao ser questionado sobre as mudanças na legislação.
O ex-presidente comentou que o cidadão acha que a palavra reforma tem o sentido de melhorar, mas que o que ocorreu foi justamente o contrário.
“É como se eles tivessem dinamitando os direitos que os trabalhadores vinham conquistando desde 1943, com a instituição da CLT. Olha, não é que a gente queira ficar preso ao passado. Mas nós queremos juntar outra vez os empresários, os sindicatos, o governo, se for o caso juntar universidade, e vamos discutir qual é a legislação trabalhista que nós precisamos para ser adequada ao momento político, econômico e cultural que nós estamos vivendo”, afirmou.
Lula contou ainda que, quando era presidente, criou um grupo de trabalho com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com os sindicatos e com o governo.
“Não deu certo porque os empresários só queriam destruir e não queriam construir, que foi o que eles fizeram no governo Temer. Prometeram uma ponte para o futuro, cavaram um abismo e esqueceram de fazer a ponte. Só ficou o buraco, que o povo tá caindo agora”, declarou.
Ressaltando que não pretende fazer nada “na marra”, se for eleito, ele disse querer “discutir o que é bom para o Brasil, para o povo brasileiro, o que pode ajudar desde o trabalhador até o empresário”.
“Agora o que eles fizeram foi destruir direito dos trabalhadores. Trabalhador que trabalha em aplicativo não tem direito a nada, não tem direito a descanso semanal remunerado, não tem direito a férias, não tem direito a 13º [salário], e não tem seguridade nenhuma, quando o carro bate é que ele percebe que tá abandonado, quando a bicicleta bate é que ele percebe que tá abandonado”, exemplificou.
O petista mencionou então o caso do aplicativo semelhante ao Uber — adotado em Araraquara (SP), cidade governada por Edinho Silva (PT) — no qual o motorista leva 95% do valor da tarifa.
“O que ele tá fazendo, se der certo, é uma revolução para que todos os prefeitos do Brasil organizem aplicativos nas suas cidades para que o povo não seja escravo de uma empresa estrangeira, de uma multinacional, ou sei lá de quem. Que seja efetivamente trabalhador, com carteira assinada, com jornada de trabalho e com direito a descanso remunerado para cuidar da sua família. É esse Brasil que nós queremos construir e é esse tipo de discussão que a gente vai querer fazer para rediscutir a questão do mundo do trabalho nesse país”, concluiu.