‘Nós não somos cidadãs de segunda categoria’, diz Cármen a Nunes Marques
Ministros discutiram em julgamento sobre descumprimento da cota de participação feminina
Na sessão desta quinta do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Cármen Lúcia chamou atenção para as relações de gênero na política. Os ministros discutiam se houve fraude na cota de participação feminina em Itaiçaba (CE), no caso da candidatura de uma mulher que teve nove votos.
O ministro Kassio Nunes Marques disse que votaria contra a fraude por empatia à candidata que teria sido abandonada pelo partido. Cármen Lúcia, que já havia acompanhado o relator no entendimento de que houve um drible à cota de participação feminina, se irritou com a justificativa apresentada pelo magistrado e pediu a palavra novamente.
“Por mais boa intenção que seja do julgador, será em detrimento de nós, mulheres. Nós não somos nem silenciosas, nem silenciadas, nem coitadas”, enfatizou Cármen Lúcia, a única ministra do plenário do TSE, composto por outros seis magistrados homens.
“Nós não somos cidadãs de segunda categoria, nós não somos cidadãs coitadas, nós não somos cidadãs que precisam de empatia. Nós precisamos que respeitem os nossos direitos, eu acho que o que a Justiça Eleitoral tem feito (…) Não é buscando empatia que nós vamos transformar essa realidade na qual mulheres e homens sejam iguais em direitos nos termos da Constituição”, seguiu.
No fim, o caso foi considerado fraude à cota de participação feminina. Além de Cármen Lúcia, Benedito Gonçalves e Alexandre de Moraes acompanharam Sérgio Banhos. Os votos contrários foram de Carlos Horbach, Raul Araújo e Nunes Marques.