Às vésperas da Cúpula de Clima promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um movimento de diplomatas de países europeus e do próprio governo americano evidencia o tamanho do isolamento de Jair Bolsonaro — e o desespero dos diplomatas que atuam por aqui ante a falta de senso de gravidade no Planalto.
Sem obter compromissos concretos com as medidas de combate ao desmatamento e de preservação da Amazônia, quatro embaixadores procuraram nesta segunda o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. Queriam uma conversa urgente sobre ações do Brasil no meio ambiente com o chefe do Parlamento ainda nesta segunda.
Com as confusões da pauta do Legislativo, Pacheco não conseguiu ouvir os embaixadores. Uma nova tentativa poderia ser feita nesta terça-feira. Como ou sem reunião, porém, o episódio diz muito sobre a clima que antecede a cúpula de Biden.
O raciocínio, segundo aliados do chefe do Parlamento, é simples: como Bolsonaro não se compromete, os diplomatas tentam desesperadamente substituir o presidente por outro chefe de poder que tenha condições de promover mudanças concretas na questão ambiental.
Como o Radar mostrou há duas semanas, a cúpula de Biden é tratada por EUA e Europa como a hora da verdade para o Brasil. Se o governo Bolsonaro não mudar de discurso e não adotar ações concretas, passará a ser tratado como obstáculo no avanço da agenda ambiental por norte-americanos e europeus.
Pacheco foi procurado por embaixadores dos EUA, Alemanha, Reino Unido e Noruega. Se a reunião de fato ocorrer, Bolsonaro que prepare as orelhas.