Na mira do TSE, Bolsonaro pode ter mesmo destino de Lula em 2018
Investigação aberta na Justiça Eleitoral deve deixar o presidente como um dos últimos personagens a serem ouvidos
Desde que decidiu abrir um inquérito administrativo contra Jair Bolsonaro por atentar contra o sistema eleitoral, o TSE lida com um dilema. Como proceder no caso? É a primeira vez que a Corte abre de ofício um procedimento contra uma autoridade por atentar contra a Justiça Eleitoral.
Quem conversou com ministros e interlocutores da Corte avalia que Bolsonaro não será o primeiro alvo da ofensiva do TSE, até para evitar que o presidente trate o caso como provocação. O procedimento deve focar inicialmente nos “peixes pequenos” do caso das fake news de fraude eleitoral propagadas por Bolsonaro, como o tal coronel “de inteligência” que participou da live no Alvorada e o ministro da Justiça, Anderson Torres.
O presidente deve ser um dos últimos alvos a falar no procedimento. A ideia da Corte e colher provas para dar corpo ao inquérito e deixar o procedimento preparado, pairando como um risco ao futuro eleitoral do presidente.
Se o TSE comprovar as irregularidades cometidas por Bolsonaro, o inquérito — e as provas nele anexadas — será usado para fundamentar a rejeição do registro de campanha a Bolsonaro em 2022. Nesse caso, Bolsonaro teria o mesmo destino de Lula em 2018, quando também teve o registro negado.