Moeda digital do BC pode alimentar discussão sobre bets e Bolsa Família
CEO de empresa que participa de piloto do Drex afirma que moeda será 100% programável e poderá ser usada para benefícios sociais do governo
Com o governo Lula de olho nos gastos bilionários de brasileiros com apostas on-line, principalmente os beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família, o CEO da empresa de segurança digital Dinamo Networks, Marco Zanini, acredita que a moeda digital que o Banco Central (BC) está desenvolvendo pode contribuir para a discussão.
“A principal característica de uma moeda digital, como o Drex, baseada em blockchain, é que ela tem o recurso do contrato inteligente — o smart contract. Ele é 100% programável, no sentido de você determinar para o quê aquele dinheiro pode ou não ser utilizado”, afirma Zanini.
A Dinamo integra um dos consórcios que estão testando casos de uso do Drex em transações com ativos do agronegócio. A empresa também é responsável pela segurança digital do Pix.
Zanini explica que um contrato inteligente do Drex pode proibir que o pagamento de um programa social recebido via moeda digital por uma família beneficiária seja usado para comprar bebidas alcoólicas ou em jogos de azar e apostas on-line.
Ou, por outro lado, o smart contract pode permitir que os detentores do dinheiro digital proveniente de um benefício social só possam usá-lo para comprar alimentos, como leite, carne, arroz e feijão. “Isso automaticamente faria uma gestão da distribuição de recursos, sejam do governo, sejam privados”, diz o CEO da Dinamo.
Entre os casos de uso em fase de testes no piloto do Drex, sob supervisão do Banco Central, há uma moeda social que só vai poder ser utilizada em uma determinada região do país. “Você pega um dinheiro de incentivo, que vem de fora do Brasil, ou de um banco ou fundo perdido de alguma entidade, mas você direciona: só pode ser usado na região tal para desenvolver essa região”, explica Zanini.