Milton Ribeiro recebeu informações de que poderia ser alvo da PF
Corrupção no MEC volta para as mãos de Cármen Lúcia no STF por 'possível interferência' de detentor de foro na Corte nas investigações
Com a prisão de Milton Ribeiro, os investigadores do esquema de corrupção no Ministério da Educação identificaram indícios de que integrantes do governo Jair Bolsonaro, com foro no STF — logo, provavelmente ministros do governo e o próprio presidente Jair Bolsonaro –, tentaram interferir no caso para ajudar o ex-ministro.
Com isso, o caso será novamente enviado ao Supremo para sequência das investigações. Antes de cair nas mãos do juiz Renato Borelli, o caso estava com a ministra Cármen Lúcia e para ela voltará a partir de agora. É péssimo prenúncio para o governo.
“O Parquet Federal formulou pleito de remessa de parte do material arrecadado na investigação, pois, verificada a possível interferência nas investigações por parte de detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal”, diz o juiz.
O mistério a ser resolvido está numa conversa interceptada pela PF em que Ribeiro diz a um familiar o seguinte: “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? se houver indícios né…”
Agora, a PF, com o STF no comando das investigações, vai tentar descobrir quem é o “ele” na conversa. O Radar mostra, na edição de VEJA que está nas bancas, que Milton Ribeiro telefonou a ministros de Bolsonaro antes de ser preso pela PF, o que indica que ele, mesmo fora do governo, mantinha linha direta com o primeiro escalão do Planalto.