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Lava-Jato usou sistema clandestino para investigar políticos

Procuradores compartilhavam delações assinadas e rejeitadas num sistema que era consultado tanto no Paraná quanto no Rio de Janeiro

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 out 2024, 12h06 - Publicado em 15 out 2024, 11h01

As mensagens da Operação Spoofing, que resultaram no escândalo da Vaza-Jato, acabam de ampliar o inventário de possíveis ilegalidades cometidas pelos investigadores da Operação Lava-Jato.

Diálogos descobertos por advogados que tiveram acesso ao material mostram que a força-tarefa de Curitiba criou uma espécie de plataforma clandestina, batizada de “Sisdelatio”, para centralizar arquivos de delações — termos de depoimentos e anexos com provas de corroboração — fechadas, em andamento e até não formalizadas.

Numa dessas mensagens, o chefe da força-tarefa paranaense, Deltan Dallagnol, oferece a plataforma a colegas da força-tarefa do Rio de Janeiro, que também aceitam compartilhar provas nessa via informal: “Colegas do RJ, temos um super sistema em que colocamos todos os termos de delação e anexos, inclusive de acordos não fechados. Vcs querem se integrar ao sistema? Podemos unificar nossas bases e vcs terem acesso integral tb, que tal?”

Essa biblioteca de confissões ficava disponível para consulta de investigadores tanto da força-tarefa do Paraná quanto do Rio de Janeiro, o que agora deve motivar uma nova leva de ações contra a Lava-Jato para derrubar investigações, já que as provas colhidas nessa ferramenta eram, em muitos casos, ilegais — dado que os investigadores não poderiam usar conteúdos de acordos não assinados nem partilhar provas dessa maneira.

“Colegas do GT, não sei se todos sabem, mas o sisdelatio tem também os anexos de acordos não fechados, que não devem ser usados para iniciar investigações, embora possam ser consultados, até para avaliar se a relevância mudou em face de novas informações…”, escreve Deltan.

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