O ministro Gilmar Mendes, do STF, comentou há pouco o voto de Kassio Nunes Marques, proferido na quarta-feira, que sugeriu uma pena mais leve ao primeiro réu a ser julgado pelas invasões de 8 de janeiro, do que os 17 anos de reclusão incialmente sugeridos pelo relator, Alexandre de Moraes.
“Ainda ontem vi essa consideração sobre o passeio no parque. Jamais houve passeio no parque. Não se tratava de passeio no parque, ministro Kassio. Nem de um incidente. A cadeira que o senhor está sentado estava lá na rua, no dia da invasão”, disse Mendes.
“Essa expressão não foi minha, não fui eu quem disse isso”, respondeu Nunes Marques.
De fato, a frase foi dita por Alexandre de Moraes, em contrariedade ao voto de Nunes Marques, que defendeu dois anos e meio de reclusão e condenação por apenas dois crimes — dano qualificado e deterioração do patrimônio — dos cinco dos quais o réu é acusado.
“Não há nenhum ‘domingo no parque’, nenhum passeio, e sim atos criminosos, atentatórios à democracia, por uma turba de golpistas que pretendia uma intervenção militar para derrubar um governo democraticamente eleito em 2022”, ironizou Moraes.
Todo o bate-boca ocorreu enquanto André Mendonça expôs seu voto. Ele argumentou que não houve tentativa de golpe.
“Na minha análise, à luz dos fatos dessas figuras, desses manifestantes, vândalos, criminosos, deles, não tinha ação idônea para destituir o poder. Nós podemos achar ação idônea em outras partes”, disse Mendonça, nesta quinta, na continuação do julgamento.
Até o momento, três ministros concluíram seus votos: Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, que acompanhou o relator, e Kassio Nunes Marques, que propôs uma pena mais branda.