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Revolta de Lula com herança monetária de Bolsonaro estremece relações

Presidente criticou duramente a alta de juros e a privatização da Eletrobras nesta semana; Itaú e Bradesco divulgam resultados puxados pela Americanas

Por Felipe Erlich Atualizado em 4 jun 2024, 10h43 - Publicado em 11 fev 2023, 09h57
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  • VEJA Mercado | Fechamento da semana | 06/02 a 10/02

    O segundo mês do governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem sido profundamente marcado por seu embate contra o Banco Central (BC), fato ocasionado em meio à primeira experiência de um presidente da República convivendo com um chefe independente da autarquia — neste caso, Roberto Campos Neto. Durante a cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na última segunda-feira, Lula disse que a ata da autoridade monetária para justificar a manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano é uma “vergonha”. No mesmo dia, o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, elevou a expectativa de inflação no ano de 5,74% para 5,78%, a oitava alta consecutiva, o que dificulta a possibilidade de corte dos juros, uma vez que seu alto patamar se dá como remédio para o controle da inflação.

    Ao longo da semana, ex-presidentes do Banco Central posicionaram-se em defesa da independência da instituição. O presidente do órgão durante as gestões passadas de Lula, Henrique Meirelles, disse ao Radar Econômico que não há sentido em discutir a autonomia do BC nesta altura do campeonato. “Isso é uma questão do passado”, apontou. Além de tecer duras críticas ao comportamento do petista, Meirelles rememorou as pressões sofridas sobre o patamar dos juros em sua passagem pela autarquia. Já Armínio Fraga, presidente do BC durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, disse ao Radar Econômico que não sofreu esse tipo de pressão mesmo quando elevou os juros a patamares superiores aos de hoje.

    Mas os ataques de Lula a projetos aprovados pelo Legislativo durante o governo de seu predecessor, Jair Bolsonaro, não pararam por aí. O presidente também soltou petardos sobre a desestatização da Eletrobras e propôs uma revisão do processo. Por outro lado, analistas consideram essa possibilidade improvável, devido aos trâmites legais que envolveram o processo e ao montante que seria necessário para estatizá-la novamente. Na maneira como a venda da estatal se deu, um acionista precisaria desembolsar um prêmio de 200% sobre o maior preço dos últimos 500 pregões da empresa para se tornar controlador, algo que representaria cerca de 100 bilhões de reais atualmente.

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    Já no setor privado, o destaque da semana consistiu no impacto do “Caso Americanas” nos balanços de grandes bancos do país. Na última quarta-feira, 8, o Itaú revelou que seu lucro do quarto trimestre de 2022 ficou abaixo da expectativa de mercado justamente porque o banco decidiu provisionar toda a sua exposição à dívida da varejista, alavancada em mais de 40 bilhões de reais. Acreditava-se que o lucro do Itaú no período seria de 8,2 bilhões de reais, mas não passou de 7,6 bilhões. O efeito do caso para o Bradesco foi mais agudo, uma vez que companhia apresentou seu pior resultado trimestral desde 2006, reportando lucro líquido de 1,4 bilhões de reais.

    Para ficar no radar dos investidores, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá na próxima quinta-feira, 16. Os ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet, que integram o conselho junto de Campos Neto, devem propor uma elevação da meta deste ano, o que abriria espaço para um eventual corte na taxa de juros. Um aumento de 0,25 ponto percentual na meta de inflação poderá contar com o apoio do presidente da autarquia, mas seus efeitos para o bolso do consumidor são incertos.

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