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Por Renato Meirelles
Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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Censo 2022 e a volta dos dados para o Brasil

Após atrasos e boicotes, levantamento traz os primeiros dados atualizados sobre a população brasileira e surpreende especialistas

Por Renato Meirelles 10 jul 2023, 10h57

O Censo 2022 marca a retomada de uma ferramenta essencial para balizar com dados as políticas públicas do país e traz um retrato da população brasileira pós-pandemia com números e indicativos que merecem atenção. A começar pelo número de habitantes, 203,1 milhões, abaixo das projeções do próprio IBGE, que estimou no ano passado a população em 207,7 milhões de brasileiros. Entender o porquê dessa disparidade e os demais dados que estão sendo divulgados vai exigir cuidado e uma mentalidade aberta de especialistas para interpretar o polarizado Brasil de 2023.

A começar pelo impacto da pandemia, que certamente influenciou no ritmo de crescimento da população, que era de 196 milhões de pessoas em 2010, mas está longe de ser a única explicação. Um dos indicativos que pode ter causado esse ritmo de crescimento abaixo do esperado foi a ampliação das regiões metropolitanas e da população vivendo nos centros urbanos. Dos 5.570 municípios, 3.168 ganharam habitantes em comparação com 2010. E aqui vale uma dinâmica já conhecida: diferente das regiões rurais, onde ter mais filhos significa mais pessoas para ajudar na produção das fazendas, nas cidades, ter filhos é, também, ter mais custos.

Some-se a isso a melhoria da escolaridade média dos brasileiros nos últimos anos, o que faz com que mais pessoas tenham uma visão melhor sobre natalidade e planejamento familiar. Em bom português, com mais informação, os brasileiros tendem planejar melhor se e quando querem ter filhos. Tudo isso contribui para reduzir os casos de gravidez indesejada ou não planejada, impactando diretamente no ritmo de crescimento populacional. Compreender essas dinâmicas de formação dos núcleos familiares é um importante começo para analisar o cenário demográfico.

Além do número de habitantes outro dado chamou atenção de especialistas, ainda que já fosse, em certa medida, esperado: o alto número de pessoas que não quiseram responder à pesquisa. Em meio ao esforço hercúleo do IBGE de visitar todos os 90 milhões de domicílios brasileiros, em mais de 4% destes, o equivalente a 1 milhão de lares, houve a recusa em atender os censitários. Fruto de cortes injustificáveis no orçamento do Censo, que pela primeira vez não teve uma ampla campanha publicitária para incentivar a participação da população, e da profusão de retóricas negacionistas e fake news que marcaram os últimos anos no país, esse comportamento é um triste retrato do atraso.

Felizmente o trabalho técnico no IBGE para contornar esses desafios deu certo e, mesmo com todos os empecilhos e atrasos, o país voltou a ter acesso a dados confiáveis e atualizados sobre sua sociedade. Ainda é cedo para compreender todo esse universo de informações, que será destrinchado nos próximos dias. Para este colunista o momento é de celebrar que saímos das trevas da falta de informações. Que venham mais dados!

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