Assine VEJA por R$2,00/semana
Paraná Por VEJA Correspondentes Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
Continua após publicidade

Operação prende oito executivos da BR, Ipiranga e Shell

Funcionários da Shell, Ipiranga e BR são suspeitos de controlar ilegalmente preço final do litro do combustível

Por Guilherme Voitch 31 jul 2018, 15h45
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Oito executivos das três maiores distribuidoras de combustíveis do país (Shell, Ipiranga e BR Distribuidora) foram presos nesta terça-feira, 31, na “Operação Margem Controlada” deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Paraná. Os detidos são suspeitos de integrar uma quadrilha que controlava de forma indevida e criminosa o preço final do litro do combustível nas bombas dos postos de gasolina bandeirados de Curitiba.

    Publicidade

    “Havia um controle das distribuidoras sobre o preço oferecido pelos postos ao consumidor, restringindo o mercado e prejudicando a livre concorrência”, disse o delegado da Divisão de Combate à Corrupção, Renato Figueroa.

    Publicidade

    Foram cumpridos 20 mandados judicias, sendo oito de prisão temporária, válido por cinco dias podendo ser prorrogado por igual período, e outros 12 de busca e apreensão. Ainda foi afastado o sigilo telemático (e-mail) de nove pessoas. Foram presos três assessores comerciais da Petrobras Distribuidora S.A, um gerente comercial e um assessor da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A e um gerente e dois assessores comerciais da Shell (Raízen Combustíveis S.A).

    Um gerente da Petrobras Distribuidora foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Os policiais da divisão ainda cumpriram mandados de busca nos escritórios que as três distribuidoras mantêm em Curitiba. Com os alvos, foram apreendidos celulares, computadores e documentos. Um deles foi preso no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba, quando desembarcava do avião vindo de São Paulo. Os presos responderão pelos crimes de organização criminosa e abuso de poder econômico. Se condenados, eles podem pegar penas de prisão que variam de 2 a 13 anos.

    Publicidade

    O esquema criminoso funcionava com os donos de postos de gasolina de Curitiba bandeirados, aqueles com contratos de exclusividade com as distribuidoras. A investigação mostrou que gerentes e assessores comerciais das três distribuidoras vendiam o litro do combustível de acordo com o preço que seria praticado pelo dono do posto bandeirado. Se o empresário comercializasse, por exemplo, o litro da gasolina por 4,19 reais, a distribuidora vendia por 3,99 reais. Se o dono do posto resolver vender por 3,99 reais, a distribuidora vai aumentar ou diminuir o preço controlando assim o preço nas bombas e, conseqüentemente, a margem de lucro dos empresários – impedindo assim a livre concorrência. “As distribuidoras contratavam serviço de motoboys que circulavam pela cidade de Curitiba tirando fotos dos preços praticados pelos postos para saber se estavam de acordo com a negociação feita no momento da compra do combustível”, explicou Figueroa.

    Continua após a publicidade

    Além deste controle, existe a suspeita de que algumas distribuidoras alugavam ou sublocavam, via contrato, o terreno e o maquinário para que os donos de postos de gasolina de Curitiba possam atuar no mercado de venda de combustíveis. A prática, no entanto, pode ser considerada ilegal já que é vedada a verticalização – ou seja, quem produz ou distribui o combustível não pode atuar na venda do produto. “Os donos de postos que oferecessem alguma resistência ao esquema eram prejudicados com aumento do preço do combustível vendido”, disse o promotor André Glitz.

    Publicidade

    Delação

    A investigação teve início há mais de um ano, quando três donos e um gerente de posto de combustível procuraram o Ministério Público e expuseram o esquema. Eles firmaram um esquema de delação premiada já homologado pela Justiça.  “Esperamos que mais donos de postos nos procurem. Quem continuar com esse esquema está colaborando com a organização criminosa”, disse o promotor Maximiliano Ribeiro Deliberador.

    De acordo com o promotor, as investigações continuam e vão tentar detalhar se havia envolvimento de mais pessoas, como donos de postos, e se havia acordo entre as distribuidoras com formação de cartel. “Os esquemas eram muito semelhantes, mas não temos indícios do contato entre eles.”

    Publicidade

    Os presos responderão pelos crimes de organização criminosa e abuso de poder econômico. Se condenados, eles podem pegar penas de prisão que variam de 2 a 13 anos.

    Continua após a publicidade

    Outro lado

    Em nota, a Petrobras Distribuidora afirma que pauta sua atuação pelas melhores práticas comerciais, concorrenciais e pela ética e respeito ao consumidor.  A companhia afirma que ainda não teve acesso aos autos do processo da operação.

    Publicidade

    A Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil, informou que acompanha o caso e está à disposição das autoridades responsáveis para esclarecimentos. “Importante reforçar que os preços nos postos de combustíveis são definidos exclusivamente pelo revendedor, e a Raízen não tem qualquer ingerência sobre isso. A empresa opera em total conformidade com a legislação vigente e atua sempre de forma competitiva, em respeito ao consumidor e a favor da livre concorrência”, diz a nota enviada pela empresa.

    Ipiranga informa que ainda não teve acesso ao inquérito e que as medidas cabíveis serão tomadas tão logo isso aconteça. “A Empresa esclarece que, conforme a Lei 9478/97, opera em regime de livre iniciativa e concorrência, em que cada revendedor é livre na determinação do seu preço-bomba.”

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.