De tempos em tempos surgem fenômenos na música cuja popularidade exacerbada entre os jovens é invariavelmente comparada à beatlemania. A bola da vez é o britânico Harry Styles, de 28 anos, que se apresentou nesta terça-feira, 6, para 45.500 pessoas no lotado estádio Allianz Parque, em São Paulo. Porém, quem foi ao local para ouvir o moço cantar – e ele de fato é muito talentoso – se frustrou. As fãs mais aguerridas – algumas delas acampadas em frente do estádio há um ano (sim, um ano), realmente não pararam de gritar um minuto, mimetizando a histeria das fãs dos Beatles em 1966, quando o quarteto de Liverpool se apresentou no Shea Stadium, em Nova York. Apesar da gritaria, os fãs organizaram uma bonita coreografia com as luzes dos celulares. Os fãs-clubes distribuíram entre a plateia pedaços de papel celofane para serem colocados contra os flashes das câmeras dos telefones. Cada setor da plateia recebeu um papel de uma cor da bandeira do Brasil e uma instrução dizendo para acender as luzes durante as músicas Satellite e Sign of the Times.
De símbolo sexual adolescente, uma imagem construída cirurgicamente em 2010, quando ele participou do reality X-Factor e formou a boy band One Direction, ele se transformou em um ídolo maduro e defensor da liberdade de que cada um poder ser o que bem quiser. Dono de uma sexualidade fluída (ele não faz questão de dizer que é hétero ou gay), e com jeitão de bom moço, Styles disse durante o show em São Paulo que seu objetivo era transformar o local em um ambiente seguro para que todos pudesse ser felizes. “Quero que vocês sejam livres para ser o que vocês quiserem. Vou repetir: para o que vocês quiserem”, disse. Antes, ele já havia interrompido o show duas vezes para perguntar se alguns fãs espremidos na grade estavam bem devido a um empurra-empurra insano, mesmo sob uma torrencial e inclemente chuva que não parou de cair em nenhum momento – e que estragou o penteado do cantor. Esse bom mocismo se reflete, inclusive, na escolha do repertório, com músicas alto astral e mensagens positivas, como Treat People With Kindness, What Makes You Beautiful (sucesso do One Direction) e Late Night Talking.
Dono também de um dos melhores lançamentos do ano, o álbum Harry’s House, Styles galvanizou as atenções em 2022, com várias faixas do trabalho alcançando os primeiros lugares das mais tocadas. No show, ele foi escorado por uma competente banda formada por um igual número de homens e mulheres, craques no funk, folk e rock. Tanto que a versão em vinil do álbum bateu o recorde de vendas em sua primeira semana, nos Estados Unidos. No repertório, ele intercalou os sucessos de seus três álbuns solo com músicas do One Direction, como Music For a Sushi Restaurant, Golden, Adore You e As It Was. Harry também fez um afago aos fãs brasileiros, quando o pianista tocou brevemente um trecho de Trem das Onze, do Adoniran Barbosa. Na sequência, Harry emendou um de seus maiores hits, Watermelon Sugar. O britânico também elogiou a seleção brasileira e brincou com a paixão dos brasileiros pela Copa do Mundo. “O Brasil ganhou ontem?”, disse.
O show, no entanto, deveria ter ocorrido lá em 2019, mas foi adiado devido à pandemia. Na plateia havia muitos fãs que haviam comprado os ingressos para a apresentação antiga e deixaram guardados para usar agora. De certa forma, o adiamento foi uma boa coisa, já que nesse período o músico amadureceu e ele lançou o seu elogiado novo álbum. Não por acaso, a demanda por novas apresentações também aumentou, obrigando-o a marcar outros quatro shows extras no país. O próximo será no dia 8, no Rio de Janeiro. Depois ele vai para Curitiba, no dia 10, e nos dias 13 e 14 retorna para o Allianz Parque, em São Paulo.
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