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O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz
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‘Profeta do rock’: Rick Rubin revela segredo da criatividade em novo livro

'Minha habilidade em expressar o que sinto tem se mostrado útil aos artistas', diz um dos produtores musicais mais bem-sucedidos de todos os tempos

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h59 - Publicado em 6 ago 2023, 08h00

Recentemente, o produtor musical Rick Rubin fez uma confissão surpreendente a uma rede de TV americana: disse que “não sabe nada de música” e que “não tem habilidade no estúdio”. O profissional, um dos mais bem-sucedidos do ramo, foi além: revelou que mal sabe tocar instrumentos e se diz incapaz de operar uma mesa de som. Aos 60 anos e dono de nove Grammys, Rubin contou ainda que seu processo criativo é quase místico — ele se deixa levar por sua intuição e por suas preferências: “Tenho confiança no que gosto e no que não gosto. Essa confiança e a minha habilidade em expressar o que sinto têm se mostrado úteis aos artistas”.

O ato criativo: Uma forma de ser

E como: por trás do discurso com cara de falsa modéstia há uma fera de valor concreto — e incontestável. Nos últimos trinta anos, boa parte do rock e do pop foi moldada por seu trabalho. A lista de álbuns de sucesso que Rubin produziu vai do speed metal do Slayer à carreira-solo de Mick Jagger, passando pelo pop meloso de Lana Del Rey. Em um livro que acaba de sair no país pela editora Sextante, O Ato Criativo: Uma Forma de Ser, Rubin faz uma reflexão sobre o ofício e revela suas táticas para levar os artistas a transcender seus limites. “Eu queria fazer um livro sobre o que aprendi no estúdio. Mas as decisões mais úteis que tomamos na gravação acabam sendo mais sobre criatividade em geral do que sobre música em particular”, disse ele a VEJA.

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Os sucessos de Rubin, de fato, o credenciam para falar sobre força criativa. Basta conferir o saldo de sua conta bancária para ver que ele tem autoridade na profissão: é dono de uma fortuna estimada em 400 milhões de dólares, atrás apenas do rapper Dr. Dre e de Quincy Jones no mundo dos grandes produtores. Sua carreira começou em 1984, com a criação do selo Def Jam para trabalhar com artistas de hip-hop. Dois anos depois, em 1986, seu primeiro grande sucesso viria justamente da junção histórica do rap com o rock, com o grupo Run-DMC — e, sobretudo, a música Walk This Way, que unia os rappers ao Aerosmith. Antes, o ritmo era consumido majoritariamente pelos negros americanos. Depois de Walk This Way, se tornaria um evento de massa. Na sequência, Rubin transformaria os Beastie Boys, até então um trio medíocre de punk rock feito por brancos mauricinhos, em campeões de popularidade, ao misturar hip-­hop com heavy metal.

SUCESSOS - No estúdio com Mick Jagger, em 1991 (1); à vontade com Ozzy Osbourne (2); com Anthony Kiedis, do Red Hot Chili Peppers (3); com a esposa e a cantora Lana Del Rey (4): ecletismo notável com resultados que moldaram a face do rock e do pop
SUCESSOS - No estúdio com Mick Jagger, em 1991 (1); à vontade com Ozzy Osbourne (2); com Anthony Kiedis, do Red Hot Chili Peppers (3); com a esposa e a cantora Lana Del Rey (4): ecletismo notável com resultados que moldaram a face do rock e do pop (Lester Cohen/Ron Galella/Michael Kovac/Getty Images)

Nascido em Long Beach, em Nova York, Rubin sempre cultivou um visual desleixado, com sua longa barba, hoje grisalha como a do Papai Noel. Casado desde 2010 com a ex-modelo Mourielle Herrera, ele vive numa mansão em Malibu. É justamente da Califórnia que veio o seu maior caso de sucesso: os Red Hot Chili Peppers. Antes de Rubin, a banda local era conhecida apenas por fãs de rock descolado. A partir de 1991, com o disco Blood Sugar Sex Magik (de hits como Give It Away e Under The Bridge), se tornaria um dos grupos mais conhecidos do mundo. Ele repetiria a dose em 1999 com Californication, maior sucesso da banda. Rubin ajudaria também a renovar o som do mítico Johnny Cash, que em 1994 enfrentava um ostracismo incompatível com sua importância para o rock. Com o álbum American Recordings, a carreira de Cash ganharia novo fôlego. Nos anos seguintes vieram outros trabalhos, todos aclamados pela crítica.

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Rubin, no entanto, não acertou sempre. Sua mais ruidosa mancada foi com Ozzy Osbourne. Em 1991, ele teria se negado a trabalhar com Ozzy no álbum No More Tears, um dos maiores sucessos da carreira-solo do músico, porque não teria gostado do que ouviu. Ozzy contou que Rubin teria mandado ele jogar o material fora — algo que, felizmente, o músico não fez. Em 2013, Rubin se redimiu com o disco 13, o último do Black Sabbath e que marcou o retorno de Ozzy à banda. O trabalho chegou ao topo das paradas no Reino Unido, feito que o Sabbath não realizava desde 1970, com Paranoid. Do alto de seus erros e acertos, ele agora mira, com o livro, virar guru da autoajuda. “Vivemos num mundo em que precisamos tomar decisões criativas todos os dias”, escreve. Assim falou o profeta da música.

Publicado em VEJA de 9 de agosto de 2023, edição nº 2853

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