O julgamento do roubo de manuscritos de um clássico da música americana
Três figurões da indústria tentaram vender cerca de 100 páginas com letras das canções da banda Eagles
Três figurões do ramo musical serão julgados nesta quarta-feira, 21, acusados adquirir ilegalmente mais de 100 páginas de manuscritos de composições clássicas da banda Eagles para posteriormente vender. O leiloeiro de rock Edward Kosinski, o negociante de livros raros Glenn Horowitz e o diretor de aquisições do Hall da Fama do Rock & Roll, Craig Inciardi, também foram acusados de mentir para as autoridades sobre a procedência do material e de impedir que Don Henley, co-fundador do Eagles, adquirisse os papéis novamente.
Nos anos 1970, mais de 100 páginas de manuscritos feitos por Don Henley, que valem atualmente cerca de 1 milhão de dólares, foram roubadas talvez de seu camarim após um show ou por um funcionário, em sua casa, em Malibu. No caderno estavam manuscritos de composições como Hotel California, New Kid In Town e Life In The Fast Lane. O trio de acusados deu várias versões diferentes para justificar a posse dos papéis. Uma delas sustenta que eles conseguiram os documentos após um biógrafo repassar para eles. Em outra versão, o vocalista Glenn Frey teria dado os manuscritos para eles. Segundo os promotores, essa é uma maneira conveniente de explicar a origem sem poder comprová-la, já que Frey morreu em 2016 e não poderia contestar.
Os três réus se declararam inocentes e seus advogados disseram que eles não cometeram crime nenhum. Acusações de roubos de itens colecionáveis são bastante comuns. O que diferencia neste caso é o roubo ir a julgamento, já que brigas desse tipo são resolvidas de maneira particular. Vale lembrar que nenhum dos três réus é acusado de roubo e sim de adquirir os documentos de maneira ilegal.
O problema é que se trata de Hotel California, uma das músicas mais icônicas do cancioneiro popular americano. Para o julgamento, espera-se o testemunho do próprio Henley, que poderá oferecer um panorama inédito do como era o processo criativo da banda nos anos 1970. O empresário dos Eagles, Irving Azoff, chamou os documentos de “peças insubstituíveis da história musical”.