Assine VEJA por R$2,00/semana
O Som e a Fúria Por Felipe Branco Cruz Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal
Continua após publicidade

Como o Rock in Rio se tornou o túmulo do rock

Desde 2011, quando o festival passou a ser realizado bienalmente, o público reclama da falta de rock no evento

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jun 2022, 16h06 - Publicado em 22 jun 2022, 14h37
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A cada dois anos, sempre que as atrações do Rock in Rio são anunciadas, uma parcela dos fãs reclama que o festival carioca não é mais de rock, como diz seu nome. E eles estão certos. Desde 2011, quando o evento passou a ser realizado bienalmente, o Rock in Rio já apresentou de tudo — e de vez em quando rola rock. O fato é que o evento que ocorre em Jacarepaguá, num lugar – veja só – chamado de Cidade do Rock, é, na verdade, um parque de diversões e um espaço para grandes marcas se exibirem do que um festival roqueiro.

    Publicidade

    Lá em 1985, quando rolou a primeira edição, o Brasil era carente de grandes shows internacionais e Roberto Medina, um publicitário, queria trazer para o país atrações de peso. O nome do evento tinha de explicar para um público jovem saindo da ditadura militar, e em poucas palavras, que ali encontraria liberdade, diversão e alguma rebeldia. Rock in Rio era um título perfeito.

    Publicidade

    Atualmente, entre os organizadores, o nome do festival e a polêmica a respeito das atrações já é algo superado. Tanto que, por lá já se apresentaram Anitta, Ivete Sangalo, Sandy e Junior, Beyoncé, Katy Perry, Rihanna etc. A lista vai longe. Neste ano, é a mesma coisa: Justin Bieber, Demi Lovato, Iza, Camila Cabello, Dua Lipa e até Djavan estão no line-up. Para os fãs de rock, os nomes anunciados soam como mais do mesmo: Iron Maiden, Sepultura, Guns N’ Roses e Capital Inicial – que já se apresentaram várias vezes no festival. Roberto Medina já explicou em entrevistas anteriores que a escolha de atrações repetidas como Iron Maiden, por exemplo, ocorre porque existem pouquíssimas bandas no mundo com a capacidade de atrair mais de 100.000 pessoas para o festival. O dólar em alta é ainda um elemento a se levar em conta na hora de fechar com bandas gringas.

    Continua após a publicidade

    Outra razão para a escolha de nomes repetidos é a de que o Rock in Rio, há anos, não é mais um festival de música e, sim, um evento onde as pessoas vão para fazer de tudo, inclusive ouvir música e tirar selfies dizendo: “Eu fui”. Daí, não há tanta razão assim para investir em nomes novos ou apostar em artistas revelações que não atraem tantas pessoas. É por causa disso, por exemplo, que o festival consegue vender ingressos antecipados mesmo antes de anunciar todas as atrações.

    Publicidade

    Comparado a outros festivais do mundo, o Rock in Rio é, como diz a gíria, o mais “coxinha”. Bem organizado, é um dos poucos com banheiros de alvenaria, espaço amplo e qualidade de som. A lama típica de festivais de música foi coberta pelo evento desde 2013. O transporte, que até 2015 era o Calcanhar de Aquiles, foi resolvido após os Jogos Olímpicos com a chegada do metrô na Barra da Tijuca e a criação de linhas de ônibus exclusivas para a Cidade do Rock. Tanta comodidade deixa o “rock” no nome ainda mais ultrapassado. O nome do festival causou outros constrangimentos também em sua internacionalização. A edição portuguesa, por exemplo, bizarramente se chama Rock in Rio Lisboa – o que acaba causando uma dupla confusão: não há rock nem Rio de Janeiro por lá.

    No ano que vem, os organizadores do festival irão realizar uma edição na capital paulista — sem tanto rock, muito menos o calor do Rio. Felizmente, o novo festival – que terá a mesma estrutura do fluminense – se chamará apenas The Town. Eis um nome fácil de guardar e que poderá ser internacionalizado facilmente, tal como os principais festivais do mundo que já vieram para o Brasil, como o americano Lollapalooza e o catalão Primavera Sound. E o rock, enfim, poderá ser deixado em paz.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.