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Por Felipe Branco Cruz
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Como Gene Simmons, do Kiss, construiu fortuna maior do que sua língua

'O rock morreu', diz o cantor, em entrevista a VEJA

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 fev 2024, 12h17 - Publicado em 23 fev 2024, 06h00

Em cinquenta anos de estrada, o Kiss se notabilizou por seus shows com muita pirotecnia, maquiagem pesada e fantasias. A ação mais circense do espetáculo geralmente acontecia no canto do palco onde o baixista Gene Simmons cuspia fogo e sangue (de mentirinha, claro), incendiava uma espada medieval e exibia sua língua com notórios 18 centímetros de comprimento. Isso tudo, equilibrando-se em botas de saltos altos. Aos 74 anos, porém, estava cada vez mais difícil manter as apresentações nessa toada insana. O peso da idade e do figurino — que chegava a 20 quilos — cobrou o preço. No ano passado, durante um show em Manaus, o linguarudo tomou um susto: após passar mal devido ao calor na capital amazonense, teve de concluir a apresentação sentado numa cadeira. Com o fim oficial do Kiss (ou a promessa disso, vai saber), em dezembro, Simmons se viu livre da pressão das turnês. E mandou avisar: dali em diante, só aceitaria subir ao palco por prazer. Essa faceta mais soltinha do baixista poderá ser vista pela primeira vez justamente no Brasil, em 26 de abril, no Festival Summer Breeze, em São Paulo, onde fará um show solo com repertório improvisado. “Só quero me divertir”, disse ele a VEJA (leia abaixo).

Destroyer – 45th Anniversary [Disco de Vinil]

Nascido em 1949 em Haifa, em Is­rael, Chaim Witz — seu nome de batismo — migrou para os Estados Unidos com a mãe, sobrevivente de um campo de concentração nazista, quando tinha 9 anos. Ainda na juventude, conheceu Paul Stanley, com quem formaria anos mais tarde o Kiss. Logo no início, a dupla entendeu que o grupo era, mais que uma banda de rock, um negócio. Apaixonado por quadrinhos de super-­heróis e contos de terror, Simmons levou essa paixão para os palcos ao criar as fantasias e maquiagens do grupo, que transformaram o Kiss em uma máquina de fazer dinheiro, licenciando sua imagem para praticamente qualquer produto. “Não havia ninguém para nos dizer o que fazer, e é por isso que funcionou”, explica.

Kiss: 1977-1980

Dessa experiência de marketing para a expansão dos negócios em diferentes áreas foi um pulo. Sem o menor pudor de negociar qualquer coisa, Simmons passou a vender itens pessoais em um site próprio de leilões, além de partes dos figurinos do Kiss. As espadas incandescentes usadas nos shows chegam a custar 12 500 dólares (cerca de 61 600 reais). Empreendedor serial, ele hoje está à frente de um conglomerado de empresas que atuam nas mais diversas áreas. Ao lado de seu parceiro de banda e melhor amigo, Paul Stanley, criou a rede de restaurantes Rock & Brews. Ambos são donos, ainda, de um time de futebol americano, o LA Kiss. Sem o colega do Kiss como sócio, Simmons detém uma marca de vodca e vende réplicas de seus instrumentos em formato de machado. No ramo audiovisual, lançou em 2023 a produtora Simmons/Hamilton, cujo primeiro filme, Deep Water, estrelado por Aaron Eckhart e Ben Kingsley, deverá estrear no fim do ano.

CARAS PINTADAS - A banda: visual infalível que gerou uma série de produtos
CARAS PINTADAS - A banda: visual infalível que gerou uma série de produtos (Armando Gallo/Getty Images)

Kiss: por trás da maquiagem

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Dono de uma fortuna estimada em 300 milhões de dólares e proprietário de dois jatinhos e mais de trinta carros de luxo, Simmons não se envergonha de ostentar o que conquistou. Entre 2006 e 2012, escancarou sua riqueza no reality Gene Simmons Family Jewels, em que exibia a intimidade com seus dois filhos e a esposa, a ex-coelhinha da Playboy Shannon Tweed. Para surpresa de quem imaginava um astro cheio de vícios, ele se mostrou um cara extremamente certinho, bradando que jamais ficou bêbado ou dopado. Já a vida sexual sempre foi bastante animada. Simmons afirma ter dormido com mais de 2 000 mulheres — inclusive Cher e Diana Ross. O hábito de mostrar a língua (que tem seguro de mais de 1 milhão de dólares) surgiu quando percebeu que ela tinha uma insólita conotação erótica. “Entendi que pensavam na minha língua de forma sexual”, afirma o roqueiro.

Eu, S.A. – Gene Simmons

O fim das turnês com o Kiss nem de longe significa o fim do negócio original. Recentemente, a banda anunciou que avatares virtuais irão se apresentar no lugar deles — um excelente jeito de continuar faturando alto sem precisar subir ao palco. “Garanto que será muito excitante”, diz Simmons. A aposentadoria do grupo coincide com certa desilusão dele com a indústria musical: “O rock morreu. O streaming e a pirataria não pagam o suficiente”, acredita. O capitalista heavy metal lamenta a fase, mas não desafina na hora de continuar faturando alto.

“O rock morreu”

Aos 74 anos, Gene Simmons falou de seu futuro na música e de novos negócios — e se posicionou sobre o conflito entre Israel e palestinos:

HOMEM DE FAMÍLIA - Com a filha e a esposa: vida pessoal exposta na TV
HOMEM DE FAMÍLIA - Com a filha e a esposa: vida pessoal exposta na TV (Madison Aycoth/Getty Images)

Como está a vida pós-­Kiss? Minha voz continua ótima. Quero me divertir sem pressão. Quero tocar as músicas mais pesadas do Kiss, que quase não tocávamos ao vivo. Não levarei equipamentos ao Brasil: será um show sem tecnologia, sem correção de voz, sem playback, sem figurino e maquiagem. Só quatro caras se divertindo.

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Mas o senhor vai mostrar a língua?  Claro. Se o chão estiver limpo.

Quais são seus planos empresariais, agora que o Kiss não sairá mais em turnê? Vou lançar no final do ano o filme Deep Water em mais de 3 000 salas de cinema americanas. Continuo tocando meus outros negócios, como a rede Rock & Brews, com várias unidades nos Estados Unidos. Tenho ainda minha marca, a Moneybag, que faz desde refrigerantes até vodca.

O rock está se renovando? O rock morreu. Até que surjam leis que garantam um pagamento decente dos streamings, ninguém sobreviverá só de música.

O senhor é judeu e nasceu em Israel. Há uma solução viável para o conflito atual? Na guerra, pessoas inocentes morrem e isso é muito triste. Essa guerra não será resolvida até que uma nova geração busque a paz. A alternativa é a solução de dois Estados, vivendo lado a lado. Na Guerra Civil (1861-1865) dos Estados Unidos, metade do país se matava mutuamente, mas as novas gerações americanas decidiram que isso era estúpido.

Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2024, edição nº 2881

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