A reparação histórica de Alaíde Costa em show dos 60 anos da bossa nova
Cantora será uma das atrações de uma apresentação no Carnegie Hall, em Nova York, em celebração das seis décadas do show que revelou o ritmo ao mundo
Há 61 anos, João Gilberto, Tom Jobim, Sérgio Mendes, Carlos Lyra, Roberto Menescal e muitos outros apresentaram a bossa nova ao mundo em um histórico show no Carnegie Hall, em Nova York. Neste domingo, 8, o local terá mais uma noite dedicada ao estilo musical, desta vez comandada por Seu Jorge, Daniel Jobim e Carlinhos Brown.
Artistas de diferentes gerações, como o próprio Menescal e a jovem Carol Biazin, também estão no elenco. O repertório contará com inesquecíveis canções, como Chega de Saudade, Corcovado, Garota de Ipanema, Wave, Samba de Uma Nota Só, Eu Sei que Vou Te Amar e A Felicidade.
Dessa turma toda, no entanto, quem deverá brilhar no palco é a cantora Alaíde Costa, de 87 anos, que começou a cantar profissionalmente há 66 anos nos programas de calouros de Ary Barroso e que esteve presente nos encontros que ajudaram a criar a bossa nova, mas foi “esquecida” pelo tempo. A apresentação será uma forma de reparação histórica.
A VEJA, em maio de 2022, a cantora de canto suave e voz afiadíssima, típica da bossa nova, contou que o esquecimento foi fruto de um racismo velado. “O que sofremos foi um preconceito racial velado na música. Negro não tinha que cantar rebuscado. Só podia cantar e rebolar”, disse.