Regina Duarte, pede pra sair. Enquanto é tempo
Ela não estava preparada para ambiente tão tóxico
No dia em que tomou posse na Secretaria de Cultura do governo, a atriz Regina Duarte lembrou ao presidente Jair Bolsonaro que ele lhe prometera carta branca para trabalhar e porteira fechada – o que significa autonomia para escalar sua própria equipe.
Bolsonaro respondeu no ato: carta branca ela não teria. E por dispor de mais informações, ele poderia, quando quisesse, vetar um ou outro nome escolhido por Regina para ajudá-la na tarefa de tocar a área do governo mais sensível a turbulências.
Regina provou na pele o que disse Bolsonaro antes do seu primeiro dia de trabalho, que será hoje. Em entrevista à TV Globo, ela afirmou que estava sendo vítima de “uma facção” empenhada em derrubá-la mesmo antes de assumir o cargo.
Não se referiu a “facção do governo”. Referiu-se à facção comandada de fora do governo pelo filósofo Olavo de Carvalho que só faz ataca-la. Pois Bolsonaro mandou que o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, corrigisse Regina.
E ele o fez em sua conta no Twitter. Não poderia ter sido mais explícito e duro:
“Todos os integrantes do governo devem seguir a orientação político-ideológica” [do presidente]. “São seus ministros e secretários que devem se moldar aos princípios publicamente defendidos pelo Presidente da República, não o contrário.”
Foi a primeira paulada, mas não foi a única do dia, nem a que mais doeu em Regina. Ela admitiu na entrevista que poderia demitir Sérgio Camargo da presidência da Fundação Palmares. Camargo respondeu nas redes sociais debochando dela.
Finalmente, no final da tarde, uma edição extra do Diário Oficial desfez a nomeação de Maria do Carmo Brant de Carvalho para o comando da Secretaria da Diversidade Cultural. Na edição que circulara de manhã, a nomeação saíra assinada por Regina.
Maria do Carmo é doutora pela PUC de São Paulo. Sua nomeação foi mal recebida pelos bolsonaristas só por ela ter sido secretária de Assistência Social do governo do presidente Michel Temer. Regina ficou inconsolável. E ainda está.
Só lhe restam dois caminhos: bater continência para Bolsonaro e ir em frente. Ou pedir as contas. Quem sabe não reata o contrato com a TV Globo que foi obrigada a rescindir por acreditar que pacificaria as relações do governo com os artistas?