Não se fala de corda em casa de enforcado, mas o general Raul Castro, ex-ditador de Cuba, que herdou o poder do seu irmão, Fidel Castro, falou, sim, em Havana, depois de passar o cargo de presidente ao seu vice, Miguel Díaz-Canel, tão linha dura quanto ele.
A certa altura do seu discurso à Assembleia Nacional, Raul observou a propósito do que ocorreu no Brasil:
– [Depois do] golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff, se consumou a prisão arbitrária do companheiro Lula, cuja liberdade reclamamos. Hoje [Lula está] submetido à prisão política para impedir que ele participe das próximas eleições presidenciais, já que segundo diferentes pesquisas, se houvesse eleições hoje, ninguém poderia ganhar de Lula.
Nos últimos 59 anos, ninguém pôde ganhar em Cuba qualquer eleição contra os irmãos Castro pelo simples fato de que as eleições, ali, jamais foram livres. Nem as eleições e nem coisa alguma que pudesse por o regime em risco.
Numa ditadura, não importa se de direita ou de esquerda, a oposição, quando muito, é tolerada. Ela serve para coonestar o regime e mais nada. Se ameaçar crescer, será abatida. Se for estridente, acaba silenciada.
De prisão política, Raul entende. Ainda existem presos políticos em Cuba. No passado, alguns milhares deles simplesmente foram fuzilados em nome dos ideais da revolução que em 1959 derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista financiada pelo governo americano.
De democracia, Raul nada quer entender. Bem ou mal, é o que temos por aqui. Nunca democracia, ninguém é preso por defender suas ideias. Lula foi condenado pelos crimes comuns de corrupção e lavagem de dinheiro. Não é um preso político. É um político preso.