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No Brasil de Bolsonaro & Pazuello, o pior está sempre por vir

Às vésperas de uma megaepidemia

Por Ricardo Noblat
26 fev 2021, 08h00
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  • Sábia escolha, a do presidente Jair Bolsonaro. Na véspera de completar 1 ano do primeiro caso da Covid-19 no Brasil, e no dia em que o número de mortos foi de 1.582, o maior desde o início da pandemia, ele investiu novamente contra o uso de máscaras e zombou das medidas de isolamento social.

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    Não satisfeito, olhando para uma folha de papel, aproveitou sua live das quintas-feiras no Facebook para falar rapidamente sobre o estudo de “uma universidade alemã” que trata dos efeitos colaterais do uso de máscaras. Não deu o nome da universidade. Nem o nome do estudo. Não citou seus autores. Apenas disse:

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    “Pessoal, começam a aparecer estudos aqui, não vou entrar em detalhe, né?, sobre o uso de máscaras. Que, num primeiro momento aqui, uma universidade alemã fala que elas são prejudiciais a crianças. […] Então começam a aparecer aqui os efeitos colaterais das máscaras, tá ok?”

    Para quem chamou o coronavírus de “gripezinha”, defendeu tratamento precoce inexistente, receitou drogas ineficazes, recomendou que se enfrentasse a doença de peito aberto, previu em dezembro último que a pandemia estava no seu “finalzinho” e desestimulou a vacinação, tá, tá ok. Esperar o quê dele?

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    Há quase um ano, quando o Brasil registrava menos de 4 mil infectados e 114 mortos pelo vírus, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, levou a Bolsonaro três cenários possíveis para a pandemia. No melhor, morreriam 30 mil pessoas. No intermediário, de 60 a 80 mil. No pior, se nada fosse feito, 180 mil.

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    No dia 12 de dezembro, o Brasil ultrapassou a marca de 180 mil mortos e 6,8 milhões de infectados. O país tem menos de 3% da população mundial, mas uma em cada dez pessoas que comprovadamente morreram da Covid no mundo, morreu no Brasil. Tá ok? Desde que continue vivo, você não está nem aí?

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    Em entrevista ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura, em 28 de janeiro, Mandetta disse que o Brasil poderá viver uma megaepidemia dentro de 60 dias. Ontem, era superior a 90% a taxa de ocupação de leitos em 15 dos 26 Estados. Doublé de general e de ministro da Saúde, Eduardo Pazuello tocou horror:

    “Estamos enfrentando uma nova etapa da pandemia. Hoje, o vírus mutado nos dá três vezes mais a contaminação. E a velocidade com que isso acontece pode surpreender o gestor em termos de estrutura de apoio. É a realidade”.

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    Este filme você já viu, e não vale a pena ver de novo: médicos e enfermeiros obrigados a escolher quem morrerá por falta de respiradores; câmaras frigoríficas nas vizinhanças de hospitais; engarrafamento de carros funerários; pessoas mortas em suas casas; covas coletivas sendo abertas às pressas; falta de oxigênio.

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    Pazuello, há um mês, em rede nacional de rádio e televisão, proclamou que o Brasil tem asseguradas 354 milhões de doses de vacinas e que até julho, 170 milhões de pessoas terão sido vacinadas. Segundo levantamento da VEJA, a média de pessoas vacinadas com a primeira dose caiu na última semana.

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    Nos últimos sete dias (de 19 a 25 de fevereiro), foram vacinadas em média 104.093 pessoas, menos da metade da taxa verificada no período de 5 a 11 de fevereiro, que foi de 219.517 brasileiros imunizados por dia. Boa parte dos estados, porém, segue vacinando porque usa vacinas reservadas à segunda dose.

    Um estudo conduzido por pesquisadores de 16 países apontou que as disputas políticas em torno da pandemia levaram o Brasil a fracassar no combate à emergência sanitária. O projeto “Comparativo das Respostas à Covid” tinha como ponto de partida entender por que o vírus evoluiu diferente nesses países.

    O relatório do estudo mostra que as tensões políticas levaram a polêmicas sobre isolamento social e uso de medicamentos que causaram danos extensos no combate à doença. Como se não bastasse, elas agora também prejudicam o planejamento da vacinação. É o triunfo do negacionismo deliberado, concorda?

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