Forças Armadas para quê? (por Raul Jungmann)
São o seguro da independência e soberania da Nação

Essa semana, em uma das incontáveis “lives” em que todos submergimos na nossa pandêmica vida atual – meio real, meio virtual -, me vi debatendo o orçamento das Forças Armadas. Quando me foi dado falar repeti, pela enésima vez, que de nada adiantava discutirmos orçamento se não sabíamos o que fazer e para que ter Forças Armadas.
Porque, é verdade, de há muito não temos ideia do que fazer com nossas Forças Armadas. Claro, não me refiro ao texto constitucional, nem aos manuais ou à tradição. Sabemos o que eles dizem. Mas não é isso a que me refiro. Não falo aqui do normativo ou do dever ser. Falo do que necessitamos ter no presente, no atual estágio de desenvolvimento do país, dos seus objetivos presentes e futuros, dos cenários e ameaças que são e/ou serão preciso conjurar, dissuadir.
Aí, estamos no deserto, mas nem sempre foi assim. Durante o Império, sobretudo no Segundo Reinado, a elite imperial tinha nas mãos tarefas de construção do Estado nacional que as fazia ter clareza sobre papel e funções das Forças Armadas de então.
Essas tarefas eram a manutenção da unidade nacional – evitando repetir o destino da América espanhola, que se fragmentara; a definição jurídico-política das nossas fronteiras; e evitar que ao sul do Brasil surgisse um polo de poder comparável ao nosso, com o domínio da Bolívia e do Paraguai pelos argentinos, recriando, em alguma medida, o vice-reino do Prata.
Tiveram sucesso em todas as frentes. De lá para cá, sem inimigos externos e ameaças visíveis à nossa unidade e soberania, o atual poder político da Nação perdeu o elo, o sentido e o rumo a dar às nossas Forças Armadas. A frase do Ex-Ministro Mangabeira Unger é exemplar: “nós, civis, temos por política apaziguar os militares, dando-lhes recursos para projetos que não fazemos questão de entender, desde que estejam nos seus quartéis”.
Exemplo disso, o Congresso tem se alienado continuamente em debater a Política e Estratégia Nacional de Defesa. Noutras palavras, omite-se sobre os destinos da defesa da nossa soberania, território, recursos e povo. Alega-se que não temos ameaças e guerras em perspectiva e que as prioridades são outras – emprego, segurança, saúde, educação.
Esquecem esses que nossas Forças Armadas são o seguro da nossa independência e soberania enquanto Nação. As novas Política e Estratégia para o quadriênio 2020/2024 foram enviadas ao Congresso Nacional este mês. Que o poder político exerça suas obrigações constitucionais e democráticas para com a nossa defesa e enfrente essa pauta.
Raul Jungmann foi ministro da Defesa e ministro Extraordinário da Segurança Pública; https://capitalpolitico.com/
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)