Assine VEJA por R$2,00/semana
Noblat Por Coluna O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Escárnio

R$ 888,7 milhões do Fundo Partidário poderão ser utilizados na campanha de 2018

Por Mary Zaidan
Atualizado em 6 Maio 2018, 10h00 - Publicado em 6 Maio 2018, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O TSE confirmou, na última quinta-feira, que os R$ 888,7 milhões do Fundo Partidário poderão ser utilizados na campanha de 2018, somando-se aos R$ 1,7 bilhão do fundo eleitoral, aprovado ano passado pelo Congresso. Mais de R$ 2,5 bilhões de dinheiro público, nomenclatura absurda para impostos, taxas e contribuições involuntárias pagas pelos brasileiros. (Os encargos são tantos que mereceram um verbete próprio na Wikipédia: Lista de Tributos do Brasil)

    Publicidade

    Talvez porque o número de zeros nos confunda depois de tantos milhares surrupiados pela corrupção, o valor estratosférico não chame tanta atenção. Mas é uma fortuna.

    Publicidade

    Convertidos em euros, só os R$ 888,7 milhões do fundo anual, ou seja, dinheiro que o Tesouro Nacional gasta todos os anos com os partidos políticos, viram € 230,3 milhões, quase quatro vezes os € 61 milhões de que os franceses dispõem para fim semelhante. Isso na França, conhecida por ser generosíssima em recursos públicos para políticos.

    A insanidade brasileira ainda é acrescida por cerca de R$ 500 milhões de renúncia fiscal a título de ressarcimento das emissoras de rádio e TV que transmitem o horário eleitoral obrigatório, gratuito para os candidatos e caro para o país.

    Publicidade

    Os defensores do financiamento estatal de candidatos e partidos, que criaram os elefantes sem perguntar ao pagador de impostos se ele concordava em alimentá-los, são os mesmos que consomem outros bilhões de que o eleitor nem chega perto.

    Continua após a publicidade

    O orçamento do Congresso Nacional deste ano prevê gastos de R$ 10,5 bilhões – R$ 6,1 bilhões para a Câmara e R$ 4,4 bilhões para o Senado. Em ambas as casas, mais de 80% com gastos de pessoal.

    Publicidade

    Tudo isso para uma produção legislativa ínfima.

    Análise dos dados da InteliGov feita pelo jornalista Guilherme Venaglia, de Veja, aponta que a Câmara só aprovou 2,6% dos projetos apresentados do início da legislatura até hoje. Em números absolutos, a Casa votou apenas 331 das 12.416 propostas de 2015 para cá. O maior legislador continua sendo a Presidência da República, que conseguiu emplacar 90 das 159 medidas provisórias apresentadas (56,6%).

    Publicidade

    Dinheiro a rodo que o cidadão não vê voltar. A ele é ofertado quase nada: serviços de baixíssima qualidade, descaso, penúria.

    Continua após a publicidade

    Com mais de 14% de sua população vivendo na pobreza extrema, 13 milhões de desempregados, 1,5 milhão de jovens entre 15 e 17 anos fora da escola, sistema de saúde em colapso e violência em ritmo de guerra, o país não poderia se dar ao luxo de jogar tanto dinheiro fora.

    Publicidade

    Pior: fazê-lo em nome da democracia, desonrando-a ao conferir a esse estelionato legalizado por quem dele se beneficia o nome de Fundo de Financiamento da Democracia. Um escárnio que não poupa partido algum. Todos dele se lambuzam.

    Se é difícil quebrar o pote de mel, o eleitor pode, pelo menos, impedir o retorno dos glutões.

    Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan 

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.