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Cumplicidade criminosa

Como disse o pai de Marielle, “cinco meses sem respostas é tempo demais”.

Por Chico Alencar
Atualizado em 14 ago 2018, 14h00 - Publicado em 14 ago 2018, 14h00
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  • No Brasil, 90% dos homicídios ficam sem solução. Não há solução para uma vida destroçada, a não ser no plano da fé. Mas elucidação do crime, para evitar que se banalize a destruição do outro, é um imperativo civilizatório. Por isso é correto dizer que estamos no limiar da barbárie.

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    Marielle Franco e Anderson Gomes foram executados há cinco meses. De início, com a comoção nacional e internacional que a atrocidade provocou, as autoridades disseram que era preciso ter cautela para se investigar bem. Usaram reiteradamente os exemplos dos casos da juíza Patrícia Aciolli, esclarecido em 60 dias, e do pedreiro Amarildo, em 90 dias – ainda que seu corpo nunca tenha sido encontrado. Em ambos os casos, policiais praticaram os crimes.

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    Esses “prazos de demonstração” já passaram. E tudo que as autoridades de segurança do Rio de Janeiro declaram é que “as investigações estão sob sigilo”. Como disse o pai de Marielle, Antonio Francisco da Silva Neto, em artigo na Folha de São Paulo publicado no Dia dos Pais, “cinco meses sem respostas é tempo demais”.

    O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou que agentes públicos de controle e políticos estariam envolvidos. Gente poderosa que, por isso, dificulta as investigações. Não devia ser assim. Se os criminosos operam por dentro do Estado, em tese seria mais fácil encontrá-los, estabelecer nexos, descobrir elos. A não ser que a metástese do crime já esteja tão avançada que os do bem, na teia, tornaram-se minoria impotente.

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    O carro usado no atentado simplesmente desapareceu, bem como a arma. Os celulares não teriam sido acionados por bom tempo, antes, durante e depois do ato bárbaro. A sofisticação do crime foi tanta que os bandidos teriam gasto, na perpetração da operação covarde, cerca de R$ 3 milhões. Gente de esquema, gente de dinheiro. Gente com poder, portanto.

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    Autorizado por Michel Temer, Jungmann oferece a federalização da investigação. É de se indagar o que de novidade isso traria, considerando que a Segurança Pública do Rio de Janeiro já está federalizada, militarizada, sob intervenção. Aliás, é uma vergonha para essa intervenção que esse caso tão emblemático de crime político não tenha sido elucidado até agora.

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    Enquanto isso, nosso clamor não calará: quem matou Marielle e Anderson? Quem mandou matar? Quais as motivações do crime hediondo? Quais as linhas de investigação? É verdade que há grupos políticos, vinculados a controle de território, que tentam jogar a culpa uns nos outros?

    A morosidade na investigação pode indicar até cumplicidade com o banditismo que implementou a tragédia. Talvez essa gente estúpida e hipócrita, no cambaleante Rio de Janeiro, venha com sorrisos, repaginada, para disputar as eleições que se aproximam! Seria a captura definitiva do Estado pelos agentes do crime e da morte. O Rio de Janeiro não suporta tamanha degeneração. Valei-nos, São Sebastião!

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    *Chico Alencar é professor, escritor e deputado federal (PSOL/RJ) 

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