Não adianta espernear. Goste ou não de Lula, queira ou não Lula fora da prisão, a democracia ganhou músculos na última sexta-feira. Ganha o Brasil com o ex-presidente nas ruas, nos palanques, pregando igualdade e progresso social.
O que dirá Lula, daqui para a frente, à parte considerável do eleitorado que abomina o governo autoritário de Bolsonaro? Só Lula sabe. A esperança voltou. Por quanto tempo? Só Lula poderá prever. Cabe a ele, e só a ele, dar o tom da oposição que personifica.
Lula saiu maior do que entrou numa cela da Policia Federal de Curitiba, refletiu Elio Gaspari, em sua coluna desse domingo, na Folha e no Globo. Não teve ranço no primeiro discurso. Teve criticas contundentes e previsíveis.
Lula tem papel extremamente importante nesse momento de fragilidade da democracia em todo o mundo, especialmente na America do Sul. Ele sabe melhor que ninguém que poderá virar o jogo no Brasil em 2020. De que forma?
Só Lula poderá responder a esses e outros anseios e questionamentos da esquerda – e por que não da direita? O ex-presidente pode jogar lenha na fogueira, ou água na fervura. Depende dele. De Bolsonaro, depende pouco. O capitão não é páreo para a loquacidade de Lula.
O ex-presidente tem verve, é craque no discurso. Bolsonaro é raso. Lula vai fundo. No palanque, não tem para o capitão. Lula fará bom uso dos retrocessos impostos ao País em 11 meses de governo Bolsonaro. A economia custa a reagir, as reformas são antissociais e, como se não bastasse, estão vendendo a alma ao diabo.
A presença de Lula no cenário politico é crucial para a democracia brasileira. Lula faz enorme diferenca. Hoje, o país dividido acusa e defende as maldades do clã, os crimes não investigados dos próximos do presidente, a subserviência do ex-juiz que virou ministro. Com Lula, o debate vai subir de tom e mudar de assunto.
Até quando? Nem Lula sabe. Nesse domingo, num churrasco que reuniu a rédea militar do governo do capitão, o assunto foi Lula Livre. Desassossegados. Acusam um perigo rondando a placitude dos momentâneos donos do poder.
Lula precisa estar atento. Sem medo. Equilibrado, ponderado, sensato, seguro. Mais que nunca. A democracia pode estar mais forte hoje, mas a fragilidade existe. Há 48 horas, golpe político-militar pôs em cheque a democracia boliviana. O País depende de bom senso e serenidade. De gestos aloprados e arroubos estamos fartos. O papel de tresloucado cabe bem no figurino do capitão. E só nele. Isso Lula sabe.