Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Jogando com a própria sorte

A sociedade precisa se posicionar para resgatar o tempo perdido

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 13h22 - Publicado em 23 jul 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Mesmo em meio à pandemia, estamos crescendo, aumentando a arrecadação e as exportações, expandindo a oferta de crédito, com uma bolsa de valores perto de 130 000 pontos, mantendo reservas e produzindo safras recordes. São aspectos positivos que o país consegue oferecer e preservar.

    No entanto, nosso resultado poderia ser muito melhor. Como? Bastava ter havido certas decisões corajosas dos poderes públicos, que, por covardia ou omissão, não ocorreram. A pandemia trouxe a possibilidade de atacarmos problemas centrais que nos acorrentam aos séculos XIX e XX. Mas nossas respostas são lentas e inconsistentes, pois existem interesses poderosos que querem que fiquemos no passado.

    A recente decisão de inflar o fundo eleitoral para perto de 6 bilhões de reais é um exemplo. Um país pobre que debate migalhas para programas sociais e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde não pode se dar o luxo de desperdiçar tanto e sob o controle de poucos. Mas, infelizmente, esse não é o único problema.

    A simplificação do sistema tributário, promessa solene da equipe econômica que só agora está sendo ensaiada, após sistemática sabotagem corporativista, é outro exemplo da demora em jogar a favor do país. A correção da tabela do imposto de renda, que não é feita desde 2015, deveria ser assegurada automaticamente ao contribuinte. Não como uma concessão.

    “Nossas respostas são lentas e inconsistentes, pois existem interesses poderosos que querem que fiquemos no passado”

    Continua após a publicidade

    A resistência ao fim dos privilégios na administração pública — que chantageia com a precariedade de serviços públicos com uma qualidade que, em sua maioria, não existe — é outro exemplo. O que justifica o condômino Brasil sustentar privilégios à custa da cidadania?

    Mas não paramos por aí. Mesmo quando o governo age, outras forças o paralisam. Como no debate sobre as regras da cabotagem e das debêntures de infraestrutura, que avançam a passo de cágado no Congresso, sonegando ao país a possibilidade de expansão de investimentos importantes. Nossa sociedade dorme diante do tamanho do problema e da oportunidade de soluções.

    Como escrevi aqui em outras oportunidades, a última década não foi perdida. Tivemos avanços significativos, que se desdobram, porém em uma velocidade que impede o uso de nossa potencialidade. Nossas elites e nossas autoridades são omissas e lenientes com o atraso nas soluções. O governo Bolsonaro — que prometia atacar alguns fundamentos do atraso — está ficando pelo meio do caminho por causa de suas inconsistências, equívocos e falta de visão estratégica.

    Continua após a publicidade

    O Congresso, que mostra visão reformista em algumas ocasiões, tem recaídas sérias em direção ao arcaísmo, como na demora em votar temas relevantes e na proposta absurda de inflar o fundo eleitoral. O Brasil é melhor do que parece e muito pior do que poderia ser.

    A correção de nossos rumos e o aprofundamento de nosso desenvolvimento econômico e social dependem do setor privado e das forças da sociedade, que devem se mobilizar, apoiar, criticar e se engajar nos debates correntes.

    A pandemia ainda está no ar e a saída dela do país deixará sequelas que se somarão a outras de nosso passado. Sem uma ação decisiva de posicionamento por parte da sociedade, continuaremos a correr atrás de um imenso prejuízo e a brincar com a própria sorte.

    Publicado em VEJA de 28 de julho de 2021, edição nº 2748

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.