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Trump pode ter culpa no cartório, mas FBI tem histórico de perseguições

A busca realizada no palacete do ex-presidente, à procura de documentos oficiais, aconteceu contra o pano de fundo de abusos gritantes

Por Vilma Gryzinski 11 ago 2022, 07h51

É duro admitir que o mitológico FBI, a polícia federal americana, objeto de tantos filmes e séries que o consagraram como uma instituição acima de qualquer suspeita na busca da verdade e da justiça, tem hoje a reputação chamuscada.

Por causa desse histórico recente de atitudes abusivas em relação a Donald Trump, é legítimo levantar dúvidas sobre a busca feita em Mar-a-Lago, o idílico palacete à beira mar que é uma mistura de clube e casa, onde o ex-presidente fixou residência depois de deixar a Casa Branca.

Do ponto de vista legal, foi tudo correto: os policiais tinham um mandado judicial e estavam agindo profissionalmente quando vasculharam ao longo de nove horas a ala residencial da mansão de 128 aposentos, incluindo o closet de Melania Trump – imaginem o tamanho – e o porão onde estavam guardadas as dezenas de caixas, agora confiscadas, que propiciaram a busca.

Através de seus inúmeros contatos na imprensa, o FBI espalhou que a operação está relacionada a uma iniciativa dos Arquivos Nacionais, que buscam cartas, presentes e documentos que deveriam ser destinados a eles, não guardados privadamente por Trump. Os agentes levaram também mapas, slides para palestras, o menu de uma festa de aniversário e até um guardanapo do tipo usado em coquetéis.

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Mas a documentação que justificou o mandado está sob sigilo, inacessível inclusive aos advogados de Trump.

Anteriormente, Trump havia cooperado com agentes do FBI que investigavam o diferendo a respeito dos documentos presidenciais, convidando-os a verificá-los pessoalmente em Mar-a-Lago.

É claro que, depois da busca e apreensão, Trump subiu nas tamancas, figuras importantes do Partido Republicano condenaram a operação, trumpistas de raiz se congregaram em frente o palacete clamando por resistência armada e advogados simpáticos à causa argumentaram que os documentos poderiam ter sido obtidos de “maneira menos invasiva”.

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“O desrespeito pelas normas tradicionais e a falta de preocupação pela aparência de propriedade indicam que até o verniz de independência e objetividade foi abandonado”, bufou Mark Ruskin, ex-FBI e ex-procurador de justiça.

Apesar do óbvio partidarismo, os críticos têm razão num ponto vital: o FBI abandonou completamente a imparcialidade exigida aos agentes da lei em várias oportunidades. A de maior repercussão foi a investigação sobre a jamais comprovada conexão Rússia. O FBI usou um dossiê falso, feito por um colaborador pago, para justificar a investigação. Inúmeros e-mails de agentes de cargos superiores indicaram que havia um propósito político declarado de “acabar” com Trump.

O caso mais notório foi o de Peter Strzok, agora um ex-agente, que trocava mensagens com uma advogada do alto escalão, Lisa Page, com quem tinha um caso extraconjugal, na base do “ele não”.

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O rigor demonstrado com Trump se contrapõe à lassidão em relação a Hillary Clinton. Milhares de emails trocados quando ela era secretária de Estado foram literalmente eliminados, incluindo 100 de conteúdo sigiloso, 65 marcados como “secretos” e 22 como “altamente secretos”.

Infamemente, ela mandou instalar um servidor num banheiro de sua casa em Chappaqua, no estado de Nova York, usando-o para mensagens oficiais que teriam obrigatoriamente que passar pelo sistema oficial de comunicações.

Discos rígidos e celulares foram literalmente destruídos a marteladas.

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Detalhe interessante: foi um escritório de advocacia contratado para assessorar o comitê eleitoral de Hillary, que contratou o dossiê contra Trump.

Sobre os e-mails eliminados, o FBI concluiu que tinha havido extrema negligência, mas o caso estava encerrado.

O episódio dos documentos presidenciais é separado da investigação sobre práticas comerciais suspeitas feita pela promotoria do estado de Nova York. Ontem, Trump foi convocado a prestar depoimento e não respondeu às perguntas, alegando o direito de não produzir provas contra si mesmo. É possível que a comissão parlamentar de inquérito sobre a invasão do Congresso acabe levando o Departamento de Justiça a abrir uma terceira frente judicial contra Trump, entre outros casos menores.

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Como o ex-presidente tem um estilo reconhecidamente tumultuado, nem sempre é fácil distinguir investigações imparciais de ânimo revanchista.

A hipótese bastante concreta de que ele seja o candidato republicano à eleição presidencial de 2024 torna torna todas as ações jurídicas simplesmente incandescentes.

O fato de que o FBI tenha se conduzido de maneira comprovadamente comprometida em ocasiões anteriores não significa que Trump não tenha algum ilícito a esconder.

Mesmo que isso viesse a ser exposto, os trumpistas jamais deixariam de acreditar que tudo não passa de uma jogada para tirá-lo da corrida presidencial no tapetão.

Se a eleição fosse hoje, Trump ganharia por 45% contra 41% para Joe Biden. É o cenário perfeito para incendiar todas as ações na justiça que envolvem o ex-presidente.

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