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Sem carne, sem carros, sem filhos

Até que ponto você está disposto a ir para ser ecologicamente correto?

Por Vilma Gryzinski 7 nov 2021, 08h00

“Eles” não fazem nada. “Eles” estão destruindo o planeta. “Eles” falam muito e agem pouco. Da rainha Elizabeth II à pirralhinha Greta Thunberg, todo mundo já teve um ou vários momentos de revolta contra a inação das autoridades competentes diante da degradação ambiental. O problema é que, nesse quesito, todos somos autoridades competentes. Na visão mais radical e menos confiante nas soluções tecnológicas, as dimensões da emergência ambiental exigem mudanças extremas de estilo de vida, muito maiores do que as reconhecidas pelos não iniciados. Até onde estamos dispostos a fazer sacrifícios em favor da limpeza do planeta? É conveniente conhecer algumas dessas mudanças e contemplar o que seria uma vida ecologicamente correta segundo padrões que emergem entre minorias e aos poucos vão se disseminando por estratos sociais mais amplos.

“Todo mundo já teve momentos de revolta contra a inação das autoridades diante da degradação ambiental”

Roupas novas a toda hora, viagens de férias de avião e até banhos diários, confortos que se tornaram sinônimo de civilização, estão na lista negra. Churrasco, nem pensar. Tudo na criação de animais para consumo humano é considerado anátema para os ambientalistas, desde as pastagens onde 1 bilhão de cabeças de gado pisoteiam terras outrora virgens até os gases intestinais emitidos pelos simpáticos ruminantes. Bebidas e alimentos processados, embalados, envoltos em caminhas de plástico ou isopor? Esqueçam. E não adianta achar que separar o material reciclável alivia a barra. Reciclar embalagens plásticas “nem começa a resolver o problema”, avisou recentemente Boris Johnson, o primeiro-ministro que quer colocar o Reino Unido na vanguarda das mudanças ambientais nem que isso custe 1,4 trilhão de libras só para zerar a pegada de carbono até 2050. Johnson é do Partido Conservador, que normalmente seria mais simpático às necessidades da produção do que da conservação, mas também é antenado e entende o apoio da opinião pública ao combate aos estragos no meio ambiente. Pelo menos antes de saber quanto isso custa em impostos adicionais.

O primeiro-ministro britânico é um amador diante do príncipe Charles, um ecologista avant la lettre, pioneiro na implantação da agricultura orgânica. Ridicularizado, no passado, por falar com plantas, hoje ele fala como uma autoridade mundial no assunto e ganhou um palco especial na COP26. “Sei que estamos falando de trilhões, não de bilhões de dólares”, disse o futuro rei, apelando a uma mobilização ao “estilo militar” por parte das indústrias privadas. Na sua visão do futuro, as cidades serão recortadas por corredores verdes, por onde moradores vão caminhar ou pedalar por cinco a dez minutos até o trabalho. Pelo menos Charles teve a honestidade de avisar que vai custar caro.

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A vida sem carros é até normal se comparada à vida sem filhos. Uma pesquisa feita no ano passado nos Estados Unidos mostrou que a preocupação ambiental influenciou 26% dos adultos sem filhos na decisão de não procriar. É triste a demonstração de descrença na civilização manifestada quando números significativos de pessoas resolvem não ter filhos porque acham que agravarão a degradação ambiental. Parecem ter desistido da humanidade e da formidável capacidade de percepção de Albert Camus quando disse que “a grandeza do homem está na sua decisão de ser mais forte do que a sua condição”.

Publicado em VEJA de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763

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