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Sangue na água: vitória de Boris foi apertada e os tubarões estão perto

Os antecedentes indicam que, mesmo tendo sobrevivido ao voto de desconfiança, o primeiro-ministro não tem um futuro promissor

Por Vilma Gryzinski 6 jun 2022, 17h20

“Um político poderoso e inteligente” e “a personalidade mais forte do mundo capitalista”. Assim Stálin considerava Winston Churchill, daí seu espanto com a derrota do heróico primeiro-ministro quando a II Guerra Mundial mal tinha acabado na Europa.

“Um partido é melhor”, reagiu quando o próprio Churchill explicou como funcionava a alternância no poder, permitindo à oposição, do Partido Trabalhista, ganhar eleições – como aconteceu em maio de 1945, com a catastrófica derrota dos conservadores.

Boris Johnson não é Churchill, embora tente fazer a melhor imitação que seus dotes permitam – inspirado pela biografia que escreveu do líder histórico. E não está sequer encrencado com a oposição, mas com seu próprio partido, onde grassa a rebelião manifesta na votação de ontem,
onde impressionantes 148 parlamentares conservadores expressaram sua desconfiança nele.

É um resultado nada menos que catastróficos, mesmo não tendo atingido o número necessário para derrubá-lo.

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Duas primeiras-ministras, Margaret Thatcher e Theresa May, além de John Major, também sobreviveram à rebelião interna, só para serem levados à renúncia pouco tempo depois.

Parlamentares e eleitores conservadores estão revoltados com Boris porque ele mentiu, fez um papelão no caso das festinhas em Downing Street durante o lockdown e, pior do que tudo, tem índices de aprovação tão baixos – míseros 28% – que ameaçam levar o partido junto na próxima
eleição, em 2024.

Imaginem só um político que mente…

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A fúria é tanta que os rebeldes esperaram exatamente zero dias depois do feriadão de comemorações dos setenta anos de reinado de Elizabeth II para entrar com o pedido de voto de desconfiança – ou não-confiança na linguagem política. Pelo menos 54 dos 368 parlamentares
conservadores devem ter entrado com o pedido.

A decisão já estava tomada, mas certamente Boris não foi ajudado pelas vaias que o público disparou quando ele chegou para o ato de ação de graças em intenção da rainha, com a mulher, Carrie, vestida de vermelho.

“Foi um momento significativo para o primeiro-ministro perder justamente o tipo de público monarquista que havia passado horas esperando”, disse ao Telegraph um parlamentar conservador. “O problema da vaia é que ela é contagiosa”.

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A verdadeira euforia nacional com que a rainha foi celebrada refletiu como os britânicos apoiam uma figura pública caracterizada pela dignidade, o respeito à liturgia do cargo e o comportamento impecável.

O contraste com Boris ficou maior ainda.

Mas o fato é que a economia maltratada pela dupla crise, a pandemia e a guerra na Ucrânia, é que turbina a impopularidade do primeiro-ministro.
Inflação de 9%, aumentos chocantes nos preços da gasolina e do abastecimento doméstico, produtos alimentícios subindo tanto que a maioria dos adultos do reino nem se lembra de quando houve carestia igual – foi em 1989 – são fenômenos que os brasileiros compreendem muito bem.

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Para enfrentá-los, Boris está recorrendo a medidas que soam contraditórias para um líder conservador: subsídios e aumentos de impostos.

Para um partido cuja filosofia pode ser resumida, esquematicamente, em menos governo e menos impostos, liberando o espírito empreendedor para turbinar a economia, é uma decepção. Eleitores comuns dizem que não reconhecem mais o partido.

Escrevendo ao Comitê de 1922, o poderoso organismo que obedece à “turma do fundão”, os parlamentares sem cargos no governo e na hierarquia do partido, Boris Johnson ressaltou seus feitos positivos, incluindo a vacinação pioneira e o apoio firme à Ucrânia.

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“Precisamos cortar os custos do governo. Precisamos cortar os custos de fazer negócios. E precisamos cortar os custos para as famílias de cima a baixo do país”, apelou.

Ele também garantiu que os conservadores podem “ganhar de novo”, lembrando o resultado espetacular da última eleição, quando os conservadores levaram uma maioria de oitenta parlamentares.

Foi uma resposta direta ao documento que está circulando no grupo de WhatsApp dos rebeldes. “Boris Johnson não é mais um trunfo eleitoral e, se deixado no cargo, pode levar o partido a uma derrota substancial em 2024”, diz um trecho dele.

Se Boris acabar caindo, o mais cotado, no momento, para assumir a liderança e o governo é Jeremy Hunt, ex-secretário da Saúde.

É a vingança dos que não queriam o Brexit, criticou a secretária da Cultura, Nadine Dorries, que é da turma de Boris. “Sua duplicidade está desestabilizando o partido e o país”, disse a secretária, insinuando que Hunt, por causa da esposa chinesa, defendia o método de lockdown completo e radical praticado na China.

Boris está sangrando e os punhais estão tinindo à luz do dia em todas as fileiras.

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