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Roleiros: Harry e Meghan exageram história de perseguição de paparazzi?

Testemunhas e policiais contam uma versão bem menos dramática, indicando que o príncipe e a mulher querem faturar na posição de vítimas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 19 Maio 2023, 11h30 - Publicado em 19 Maio 2023, 06h25

Quem conhece Manhattan nem que seja de passagem, logo detectou os pontos fracos da história contada por Harry e Meghan a respeito de “uma perseguição quase catastrófica” de duas horas de duração pelas ruas da ilha mais movimentada do mundo, feita por “um bando de paparazzi altamente agressivos” que quase resultou em “múltiplas colisões”.

O que é indubitável: os fotógrafos de celebridades nos Estados Unidos são “altamente agressivos”.

Mas rodar em situações de perigo durante duas horas numa ilha de 60 quilômetros quadrados, com um sinal a cada esquina e um trânsito de matar, mesmo já mais tarde da noite, só se fosse em Velozes e Furiosos.

Mesmo que o roteiro tenha incluído uma parada numa delegacia para tentar despistar os paparazzi. Diz o motorista do táxi que o casal, mais a mãe dela, Doria Ragland, tomaram a certa altura: “Acho que foi tudo exagerado, não tentem ver muita coisa nisso”.

Detalhe importante da vida real: o táxi dirigido por Sukhcharn Singh logo parou, bloqueado por um caminhão de lixo. Os paparazzi cercaram o carro e os passageiros voltaram para a SUV alugada, acompanhada por outros carros com seguranças e policiais locais. Tudo terminou sem maiores problemas, depois que a polícia parou o trânsito para deixar o casal seguir caminho. “Não houve colisões, intimações, danos corporais ou detenções”, informou um representante da polícia nova-iorquina.

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“Acho difícil acreditar que tenha havido uma perseguição a alta velocidade de duas horas, mas uma de dez minutos já é extremamente perigosa”, aliviou o prefeito Eric Adams.

E por que a perseguição aconteceu?

Harry e Meghan não queriam que a imprensa descobrisse onde estavam hospedados. O motivo parece muito desproporcional ao resultado. E lembra, tragicamente, o que aconteceu com a princesa Diana. O namorado, Dodi Fayed, queria despistar os paparazzi como uma forma provável de mostra que podia proteger Diana. Não havia mistério no destino: só poderiam estar indo para duas lugares em Paris, o apartamento de Dodi ou o palacete onde o duque de Windsor, o ex-rei Edward VIII, havia morado com a mulher, Wallis Simpson (comprado e restaurado pelo pai de Dodi, Mohammed Fayed).

Foi Dodi quem inventou um ardil esperto: fingir que o casal sairia pela frente do Ritz, enquanto combinava com Henri Paul, o segurança convocado como motorista, escapar pelos fundos. Os paparazzi provavelmente recebiam informações de alguém do hotel e foram atrás do Mercedes que, rodando muito acima da velocidade permitida, se estraçalhou ao bater numa coluna do túnel da passagem chamada Pont D’Alma.

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As cenas imediatamente subsequentes foram chocantes. Stéphane Darmon, que conduzia a moto usada pelo fotógrafo Romuald Rat, contou que desceu e abriu a porta do Mercedes. Diana estava no chão do banco de trás, viva, com um ferimento na cabeça. Em vez de ajudar a princesa e o outro sobrevivente, o segurança Trevor Rees-Jones, salvo pelo cinto de segurança, os paparazzi começaram a tirar fotos das vítimas.

Duas testemunhas, Antonio Lopes Borges e Ana Simão, viram fotógrafos subindo no teto do carro. Diana só recebeu atendimento quando o médico Frédéric Maillez, que passava por acaso no local, parou para ajudar. Todos sabem o tráfico fim.

À luz dessa história horrível, mais chocante ainda pela futilidade do motivo, Harry e o irmão William têm todos os motivos para odiar os paparazzi, fotógrafos que não seguem nenhum padrão ético, mas com os quais as celebridades fazem acordos: posam para fotos na entrada de eventos, aceitam os flagrantes “roubados” na rua (isso quando seus empresários não avisam antes) e ganham um espaço de manobra.

Harry fez o contrário. Fugiu dos paparazzi na chegada a uma cerimônia de premiação de Meghan e depois quis evitá-los na volta para o lugar onde estão hospedados. O que haveria de tão secreto nisso? Provavelmente nada. Os movimentos obedeceram talvez ao desejo de “não dar o gosto” para os paparazzi. Mesmo sem o drama que a assessoria de imprensa do príncipe descreveu, o episódio serviu para colocá-lo na posição de vítima e alimentar a guerra com os tabloides. Num momento chave: o processo por invasão de privacidade movido na Inglaterra por Harry e outras celebridades contra a empresa de Rupert Murdoch que edita conhecidos tabloides está chegando à fase final.

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Murdoch também é dono do New York Post, que não teve muito trabalho para desmanchar a versão da perseguição “quase catastrófica”. E divulgar o comunicado da empresa para quem os fotógrafos estavam a serviço, a Backgrid USA. “Recebemos fotos e vídeos dos eventos de quatro fotógrafos freelance, três dos quais estavam em carros e um de bicicleta”.

“É importante notar que esses fotógrafos têm o dever profissional de cobrir eventos e personalidades dignos de nota, incluindo figuras públicas como o príncipe Harry e Meghan Markle”.

“Um dos quatro SUVs da escolta do príncipe Harry estava sendo dirigido de maneira que poderia ser considerada imprudente. O veículo foi visto bloqueando ruas e, em um vídeo, sendo interceptado pela polícia”.

“Algumas fotos mostram até Meghan sorrindo dentro de um táxi”.

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Um fotógrafo do grupo disse, anonimamente, que era “o motorista deles quem estava criando uma situação catastrófica”.

“Foi muito caótico”, contrapôs um dos seguranças, Chris Sanchez. “Os transeuntes estiveram em perigo várias vezes”. O chefe da escolta, Tom Buda, admitiu que não houve uma perseguição a alta velocidade, mas acusou os paparazzi de agir com imprudência.

Está, assim, montado o ringue para mais um processo? As câmeras da cidade devem ter os registros de cada movimento e podem decidir qual a versão é mais parecida com a verdade. Se Harry e Meghan estiverem corretos, suas acusações estarão legitimadas e ainda podem levar uma indenização.

Representantes legais do casal exigiram que a Backgrid entregasse todos os vídeos e fotos envolvendo Harry e Meghan. A empresa respondeu que “na América, a propriedade pertence aos donos e terceiros não podem exigir que lhes seja entregue, como talvez os reis possam fazer”.

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Está boa a briga. E traz mais uma prova de que a aposta do casal ao largar a família real e ir morar, e ganhar dinheiro, nos Estados Unidos não tem sido tão simples quanto parece quando Meghan surge, deslumbrante, envolta num tomara que caia dourado, trocando olhares apaixonados com o marido, como na premiação que terminou em encrenca.

Uma pesquisa feita em abril mostra que ela tem 33% de opiniões favoráveis e 39% contra em seu próprio país, onde supostamente deveria ser acolhida como a duquesa rebelde que defendeu valores americanos no confronto com uma instituição arcaica como a monarquia da antiga matriz colonial. A visão favorável a Harry é de 39%. Uma das piores coisas que aconteceu com o casal foi o episódio de South Park onde eles são satirizados como privilegiados sem noção que fingem querer privacidade e fazem de tudo para aparecer.

O incidente dessa semana, com a suspeita de que eles procuraram tirar vantagem de uma situação sem a propalada gravidade, não melhora isso.

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