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Por Vilma Gryzinski
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Quem foi o principal culpado pela morte de Diana? O namorado

Vinte anos depois ainda há novidades sobre as decisões erradas e intempestivas que Dodi Fayed tomou sobre carro, motorista e trajeto

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 ago 2017, 18h42 - Publicado em 29 ago 2017, 10h10

A família Fayed tinha um plano para a princesa Diana: entretê-la, encantá-la, seduzi-la. Mohammed Fayed comprou um iate, o Jonikal, depois rebatizado de Sokar, só para atraí-la. A divindade egípcia parecia estar ajudando.

Quando conseguiu, chamou o filho Dodi, para concluir o que seria o maior projeto promocional do mundo.

Sem nenhuma aptidão conhecida exceto a capacidade de circular com simpatia no mundo dos muito ricos, Dodi chegou em outro barco da família, na companhia da namorada fixa, a ex-modelo americana Kelly Fisher. Era julho de 1997 e estavam de casamento marcado para agosto.

Em poucos dias, Dodi conquistou Diana e dispensou Kelly por telefone. Aos olhos do mundo, Dodi e Diana transformaram-se no maior romance de férias da história desde que Helena, a mulher mais bela da Grécia, concordou em largar o marido e fugir com o príncipe Paris para Tróia.

Durante seis semanas, o casal deslizou pelo Mediterrâneo, entre a beleza da Côte d’Azur e o esplendor da Sardenha,  num namoro registrado por fotógrafos para os quais Diana posava sedutoramente quando estava sozinha.

Os relações públicas contratados por Mohammed Fayed, espalhavam a movimentação do casal. Mais conhecido na Inglaterra, à época, como dono da Harrods, o bilionário egípcio tinha uma longa carreira como intermediário de venda de armas, armador, amigo e parceiro de negócios de príncipes do Golfo e de Papa Doc no Haiti e colecionador de prédios históricos em Londres e Paris.

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Caviar na praia

O plano parecia fantástico: Fayed, depois de amargar a rejeição ao pedido de cidadania britânica, não obstante generosas doações a campanhas políticas, viraria o jogo como sogro da mãe do futuro rei. A mulher mais famosa do mundo estava na mão.

O estilo de vida da família era novíssimo rico assumido, extravagante, exagerado. René Delorme, o mordomo dos Fayed, vestindo smoking, havia servido caviar ao casal num churrasco de praia na Sardenha, antes de outros pratos mais compatíveis com a ocasião, segundo uma reconstituição feita pelo jornal Telegraph.

Na madrugada de 31 de agosto, Diana e Dodi estavam mortos no acidente num túnel em Paris.

Colin Tebbutt, o motorista da princesa que havia ficado em Londres, foi a primeira pessoa da equipe de funcionários dela a chegar no hospital Pitié Salpêtriére.

A primeira coisa que fez foi parar com o desfile silencioso de curiosos que entravam no quarto para ver o corpo da princesa morta, sob uma montanha de cobertores, mas com o rosto à mostra.

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Toda a cadeia de acontecimentos que levou ao desastre havia sido determinada, de improviso, por Dodi para despistar os paparazzi que assediavam Diana.  Ele estava nervoso, irritado. Culpava os guarda-costas pela nuvem de fotógrafos de moto que cercava o casal desde a chegada a Paris.

Ela tinha chorado durante um jantar mal sucedido. Também tentava acalmar o namorado. No trajeto da chegada, gritou para o motorista diminuir a velocidade, com medo de que batesse num dos fotógrafos.

Droga de plano

A programação do dia 30 de agosto tinha dado errado em vários sentidos. Dodi levou Diana para visitar a Vila Windsor, onde o tio-avó do ex-marido dela viveu como duque de Windsor com a mulher pela qual abdicou da coroa.

O palacete era alugado pelos Fayed, em outra tentativa de impressionar a burguesia. Diana não se entusiasmou. Comentou com um amigo jornalista que o lugar “tinha uma história e fantasmas” que não gostaria de reproduzir. Isso que não sabia de outra recente visita guiada por Dodi para Kelly Fisher, a mulher dispensada.

Diana foi fazer o cabelo no Ritz,  outra preciosidade histórica da família Fayed. Dodi atravessou a Place Vendôme, de carro, para escolher um anel na joalheria Repossi. Seu pai depois garantiria que seria um anel de noivado.

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O casal voltou junto para o apartamento de Dodi na Rua Arsène Houssaye, praticamente uma extensão do Ritz em termos de decoração: o mais suntuoso estilo tradicional francês. Saíram para jantar no Chez Benoît usando roupas em estilo descontraído: ela de calça branca, regata e blazers preto, ele de jaqueta de couro.

Os fotógrafos estavam enlouquecidos não só com a presença de Diana, que atiçava a turma em qualquer lugar, mas também com a hipótese de que o romance evoluísse, como espalhavam os marketeiros dos Fayed.

No meio do caminho, Dodi mandou mudar de trajeto: iriam jantar no L’Espadon, o restaurante do Ritz, onde podia barrar o acesso dos paparazzi. O clima era tenso, pois foi lá que Diana chorou. Comeram – ou brigaram ou fizeram as pazes – na suíte imperial do Ritz.

Ainda tinha que voltar para casa, o apartamento na rua Arsène Houssaye. Os paparazzi continuavam na porta do hotel.

Foi aí que Dodi bolou o plano de sair pelos fundos. Seus dois carros, motoristas profissionais e seguranças ficariam na frente, na tentativa totalmente frustrada de enganar os paparazzi.

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Kes Wingfield, um dos guarda-costas que o herdeiro bilionário não deixou acompanhar o casal, definiu assim as decisões: “Foi o melhor plano que Dodi já havia feito. E era uma droga”. Não usou exatamente a palavra droga.

Altar brega

O motorista que dirigia a Mercedes, Henri Paul, não era motorista profissional, mas chefe de segurança do Ritz. Tinha bebido bem acima do limite permitido na França.

O Mercedes preto usado como alternativa era velho e alugado. Um único segurança da equipe de Dodi, Trevor Rees-Jones, acompanhava o casal, depois de muita insistência.

Era um ex-paraquedista, “bom de briga”,  como se descrevia, mas sem a experiência dos guarda-costas da realeza, acostumados a não se abalar com a perseguição dos paparazzi. Estava deslumbrado com a beleza e o “encantador senso de humor” da princesa.

Foi o único sobrevivente. No trajeto de cinco minutos entre os fundos do Ritz e o pilar do túnel onde o Mercedes bateu a 98 quilômetros por hora, colocou o cinto de segurança. Ia no banco da frente, ao lado de Henri Paul.

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Passou dez dias em coma, com traumatismo craniano e torácico. Todos seus  ossos faciais estavam quebrados – o rosto dele depois foi reconstituído, em diversas cirurgias, com 150 peças de titânio.

Todo o tratamento foi bancado por Fayed, o pai desconsolado que fez uma espécie de altar brega a Diana e Dodi numa vitrine da Harrods. Mais tarde, romperam.

Rees-Jones diz que foi muito pressionado a dar detalhes do acidente que, por causa do traumatismo, sumiu de sua memória.

Fayed passou a acusar a família real de ter mandado o serviço de inteligência assassinar Diana com um acidente “montado”. Motivo? Impedir que a princesa, divorciada apenas um ano antes depois do prolongado e público fracasso do casamento com o príncipe herdeiro, se casasse com um muçulmano.

Flores murchas

Durante os dois anos em que namorou Hasnat Khan, um sóbrio e bonitão cardiologista paquistanês, Diana tentou convencer a família dele a aceitar que se casassem. Chegou a insinuar que se converteria. Não conseguiu.

O absurdo da morte de Diana aos 36 anos e o choque que produziu na opinião pública na época alimentaram teorias conspiratórias. As maluquices de Mohammed Fayed foram todas investigadas, na França e na Inglaterra, e evidentemente não tiveram nenhuma comprovação.

Mas como desmentir impressões, sentimentos? A “certeza” de que a família real não suportava Diana – verdade – misturada  à desconfiança em relação a tudo o que venha de autoridades constituídas?

Vinte anos depois, ainda restam muitos admiradores ardorosos da  “única, complexa,  extraordinária, insubstituível” Diana, assim definida pelo irmão, Charles, com quem ela dividiu uma infância complicada de filhos do divórcio, obrigados a viver com o pai por decisão da justiça.

O  irmão, que herdou o título de conde de Spencer, não aceitou que Diana voltasse a ser Sua Alteza Real, o tratamento que perdeu ao se divorciar – o princesa de Gales ficou, como uma espécie de concessão.

Levou o corpo para ser enterrado num mausoléu numa ilha no meio de um pequeno lago artificial, no castelo da família. Engenheiros do Exército fizeram, na noite anterior ao enterro, um pontilhão de madeira para levar o caixão. Segundo uma reconstituição feita pelo Daily Mail,  todos os soldados que levaram o corpo estavam chorando.

A princesa Margaret, irmã da rainha, ainda viva, reclamou da histeria que paralisou o reino entre a morte e o enterro e do mau cheiro da montanha de  flores murchas no portão de Kensington.

O príncipe Philip, avó de William e Harry, soltou um palavrão quando soube que os organizadores do cortejo fúnebre haviam colocado os dois príncipes órfãos na primeira fila, logo atrás do caixão da mãe.

Mesmo assim, eles foram – e recentemente Harry disse que foi “a pior coisa” que poderia ter acontecido para um menino que havia perdido a mãe.

A ideia era que a presença dos filhos impediria xingamentos e até agressões contra Charles. Apesar do clima hostil, deu certo.

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