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Protegidos e subsidiados, agricultores franceses se sentem a perigo

E encenam um cerco que deixaria Paris sem comida, apesar das concessões que o governo está fazendo a todo vapor

Por Vilma Gryzinski 31 jan 2024, 07h38

Os produtos agropecuários franceses são incomparáveis em qualidade – e caros de doer. É claro que seus produtores, como todos os outros do mundo, acham que não são recompensados à altura e estão paralisando estradas há mais de uma semana.

Paris vai ficar sem comida? Dificilmente, embora a caravana de tratores já estivesse chegando perto do grande centro de distribuição de Rougis.

Mas o governo de Emmanuel Macron está penando para acalmar os agricultores. Já tirou imposto do combustível para máquinas agrícolas e prometeu mais de uma vez que nunca, jamais aprovará um acordo da União Europeia com o Mercosul.

O medo da competição de produtos mais baratos, inclusive do agro brasileiro, impulsiona protestos desse tipo, e não só na França. Um medo algo exagerado, que produziu nos últimos dias ataques a caminhões da Alemanha e da Bélgica e a “derrama” de 10 mil litros de vinho espanhol. Também houve protestos em frente a unidades das redes alemãs de supermercados, Aldi e Lidl, que vendem produtos muito mais baratos do que a média.

Como todos os agricultores dos países da União Europeia, os produtores rurais franceses são protegidos por tarifas altas – uma média de 13% para frutas e verduras, 19% sobre a carne e 32% para laticínios. Eles também recebem pagamentos provenientes da Política Agrícola Comum, na casa dos 10 bilhões de euros por ano. São os maiores beneficiários dessa política. Cerca de 50% da renda dos produtores rurais vem daí.

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“E ainda assim não conseguem competir com o frango do Brasil ou o tomate do Marrocos, dois produtos que parecem deixá-los especialmente aborrecidos”, escreveu Ross Clark na Spectator, lembrando que os britânicos estão fora das vantagens e desvantagens do mercado comum desde o Brexit.

“LOUCURA POLÍTICA”

A questão é complexa. A mesma União Europeia que abre os cofres, e sem a qual “nossos agricultores não teriam renda”, nas palavras de Macron, também cria obstáculos burocráticos surrealistas e pressiona os produtores para cumprirem as cotas para a descarbonização em grande escala.

Na Holanda, onde já houve protestos comparáveis aos franceses, o governo está forçando a venda de propriedades de pecuaristas para diminuir as emissões de gases produzidos pelo gado. Este é apenas um dos sinais da “guerra à carne”, um dos principais propósitos da economia verde. Ao todo, o objetivo é fechar 11 200 propriedades e obrigar outras 17 600 a reduzir em um terço a produção pecuária.

“Na escala Richter de loucura política, é difícil competir com a agenda de ‘descrescimento’ imposta aos agricultores europeus através da coação regulatória de Bruxelas”, escreveu Ambrose Evans-Prichard no Telegraph.

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Ele deu exemplos das exigências que recaem sobre os produtores rurais: reduzir pesticidas em 50% e fertilizantes em 20%, reservar mais terras para o sistema de rotação e aumentar para 25% a cota de produtos orgânicos.

As mudanças em favor da diminuição das emissões no campo são inevitáveis, mas a forma como estão sendo implementadas provoca reações altamente negativas. Também alimenta os partidos da nova direita, que na Europa são todos protecionistas e simpáticos à Rússia putinesca – o que facilita as críticas às exportações agrícolas ucranianas.

Os assuntos envolvidos, como se vê, são bem mais profundos do que a simpatia natural pelos produtores de nossos alimentos – nada menos que 94% dos franceses reconhecem os problemas do campo. E 35% se dizem dispostos a pagar mais pelos produtos alimentares para remunerar melhor os agricultores.

É uma declaração de fé que talvez não se transponha para a realidade.

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