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Os anos de vivermos perigosamente: o alerta do ministro inglês

A era de estabilidade pós fim do comunismo na Europa acabou e possibilidade de grandes conflitos é alta, diz Grant Shapps

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 17 jan 2024, 13h51 - Publicado em 17 jan 2024, 07h35

“Estamos no alvorecer de uma nova era – o Muro de Berlim é uma lembrança distante – e fizemos o círculo completo, indo de um mundo pós-guerra para um mundo pré-guerra”.

Raramente um ministro da Defesa usa palavras tão claras e, por isso, o discurso de Grant Shapps impressionou.

Ele é secretário da Defesa do Reino Unido e tem uma visão pessimista sobre a situação mundial, coincidente com a de outros especialistas que apontam o mesmo fim do período pós-comunista, os anos que se seguiram ao desmanche da União Soviética e a sensação de alívio diante da perspectiva que não havia mais a ameaça de uma guerra, fria ou quente, entre as superpotências nucleares.

Por causa desse alívio, os países europeus aliados dos Estados Unidos cortaram despesas com as forças armadas e dirigiram as verbas para seus caros sistemas de bem-estar social. Esse processo foi chamado de “dividendo da paz”.

PSICOLOGIA DAS NAÇÕES

A invasão da Ucrânia acabou que essa tranquilidade, mas é apenas uma das complicações apontadas por Shapps. “Num período de cinco anos, poderemos estar vendo múltiplos teatros envolvendo Rússia, China, Irã e Coreia do Norte”, disse ele.

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Todos estes países estão expandindo suas estruturas bélicas, ao contrário dos acomodados europeus. Como um exemplo da volatilidade dos possíveis cenários de guerra, estamos vendo no momento os desdobramentos da guerra de Gaza, com os Estados Unidos, apoiados pelos britânicos, atacando instalações iemenitas em poder dos hutis, um movimento alinhado com o Irã. Sem nenhuma surpresa, os hutis não demonstraram nenhum sinal de que pretendam retroceder. Ou os Estados Unidos partem para um ataque em massa ou ficam desmoralizados.

Desmoralização na Ucrânia também é um fator que a China acompanha para decidir quando – não se – interferir em Taiwan. Quem olha de fora, fica perplexo com o absurdo dessa questão. Por que a China arriscaria todo seu notável desenvolvimento só por causa de uma pequena ilha com a qual já tem laços íntimos e mutuamente benéficos – como os 43 bilhões de dólares investidos por empresários taiwaneses no território continental?

A psicologia das nações às vezes parece entrar no campo patológico – e todo mundo só tem a perder com isso. A Bloomberg calculou que uma invasão chinesa custaria espantosos 10 trilhões de dólares – um décimo da economia mundial. Imaginem a devastação que isso provocaria em escala planetária. Só a interrupção do fornecimento de semicondutores, os chips que movem o mundo e cuja produção está concentrada em Taiwan, já seria suficiente para afetar as linhas de montagem de todos os produtos modernos, civis e militares.

A eleição do novo presidente de Taiwan, Wiliam Lai, mostrou que a maioria da população da ilha não quer ser atrelada a Pequim.

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Qual seria a reação dos Estados Unidos? Arriscar tanto para defender uma ilha de 23 milhões de habitantes? Ficar de fora e perder seu status de superpotência global? São perguntas de um alcance estonteante, que podem mudar o mundo tal como o conhecemos.

“REVANCHISTAS”

É a esse “mundo pré-guerra” que Grant Shapps se referiu. Como qualquer ministro da Defesa, ele quer verbas para o orçamento militar, claro. Mas é difícil deixar de concordar com ele quando diz que “os alicerces da ordem mundial estão sendo abalados na base”. Seja por atores menores que parecem saídos da Idade do Ferro, como o hutis, seja por superpotências nucleares como a Rússia e a China.

Vários intelectuais estão redescobrindo o “choque de civilizações” descrito por Samuel Huntington em seu famoso livro de 2011. “Ucrânia, guerra Israel-Hamas, ataques à navegação comercial no Mar Vermelho, ameaças da China contra Taiwan, o fechamento do Mar Vermelho pelos hutis do Iêmen e até os planos venezuelanos para conquistar a maior parte da Guiana rica em petróleo não são eventos separados, mas altamente relacionados”, escreveu Joel Kotkin no American Mind.

Segundo ele, as potências “revanchistas” e outros atores da lista de malfeitores querem “derrubar a ordem liberal capitalista e substituí-la por algo de natureza mais feudal, essencialmente um mundo dominado por governantes absolutistas e seus sátrapas”.

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