O pior espetáculo da Terra: a deprimente briga Johnny Depp x Amber Heard
Atormentados, interesseiros, competitivos, vingativos, sem limites, os dois artistas disputam quem pode cair mais - e mais depressa
Amber Heard está perdendo por quatro milhões a zero. Passa disso o número de pessoas que já aderiram ao abaixo-assinado pedindo que a atriz, por assim dizer, seja retirada do próximo Aquaman, que já está pronto e não pode ser alterado.
Os fãs de Johnny Depp não perdoam as caretas, o choro sem lágrimas, as expressões forçadas e outras histrionices de Amber, que parecem refletir uma imitação de sofrimento – e certamente não vai ganhar nenhum Oscar pelo desempenho nas telas ou na vida real.
Mas mesmo quem não resiste ao charme de Jack Sparrow não pode deixar de ver o triste papel em que ele aparece bêbado, drogado, surtado, desmaiado, socado pela mulher ou com a ponta do dedo médio direito arrancada por uma garrafa de vodka voadora.
Além da chuva de insultos contra Amber, vários deles gravados – tem homem que é muito bobo mesmo -, ele discutiu com o amigo Paulo Bettany, num email apresentado ao júri, que ela deveria ser queimada como bruxa e, depois, violaria seu corpo. Sobre a ex-companheira, mãe de seus dois filhos, a cantora Vanessa Paradis, disse que era uma “**** chantagista francesa”.
A questão fulcral será decidida pelo júri: se ela apanhou do ex-marido, portanto, não precisa pagar os 50 milhões de dólares que ele pode como indenização por ter mais do que insinuado isso num editorial para o jornal Washington Post.
É difícil entender porque Depp acha que está defendendo a própria honra e sua imagem de “cavalheiro sulista” – absolutamente incompatíveis com a realidade, mesmo que fosse verdade a alegação de que na realidade foi ele a vítima de violência doméstica. Existe até um precedente: antes de Johnny, Amber foi casada com uma mulher, a fotógrafa Taysa van Ree, a quem agredia.
Provavelmente ambos têm razão: espancavam-se mutuamente numa das relações mais tóxicas de um mundo em que fama, beleza, egos narcisistas, dinheiro e drogas, todos em altíssimas doses, contribuem para envenenar tantos casamentos.
Como reagir a um relacionamento em que a mulher, de uma beleza tão perfeita que parece ter saído diretamente de um quadro de Botticelli, fez uma “brincadeira radical” e defecou na cama do casal (disse depois que o “produto” tinha vindo do cãozinho)? Ou, para continuar no campo escatológico, em que ele desenhou o nome dela com urina e sangue – do tal dedo cortado?
Como qualquer pessoa normal: acompanhando cada lance quase hipnótico do julgamento (o segundo da série; o primeiro, na Inglaterra, contra um jornalista que chamou Depp de espancador de mulheres, o ator perdeu).
O número recorde de interações nas redes sociais mostra que os americanos estão obcecados pelo assunto e a lavagem sem precedentes de roupa imunda, às vezes literalmente, que traz à tona.
O embate Depp x Heard vem no topo de uma lista em que aparecem, em ordem decrescente: Elon Musk (que por sinal namorou a atriz depois, ou talvez até durante, o casamento dela com o piratão), Joe Biden, aborto, guerra na Ucrânia, inflação e covid-19.
O lado dele foi apresentado ao longo de treze dias em que Johnny Depp fez de tolo a si mesmo – embora os fãs apaixonados tenham comemorado como vitória o depoimento em que um ex-segurança lembra que era chamado pelo ator quando estava apanhando demais da mulher.
Travis McGivern disse que, numa dessas intervenções, viu Amber dar um soco no marido, enquanto ele tentava separá-los. Também registrou que não se recorda ter testemunhado a cena da urina na sala de estar, tal como descrita por Amber, porque certamente se lembraria se “tivesse visto o pênis do senhor Depp”.
O lado dela, com o exagero de expressões faciais que tanta ira desperta entre os fãs de Depp, está chegando ao fim.
Com “roupa de tribunal” – sérias, fechadas e, em pelo menos duas ocasiões, imitando detalhes que o ex-marido havia exibido apenas um dia antes, como uma gravata Gucci -, ela falou extensivamente sobre brigas, agressões, baixarias e mais uma longa lista de pormenores deprimentes. Ter sido violentada com uma garrafa de vodka esgrimida por ele, segundo contou, foi o ponto mais horrendo.
“Acreditem em todas as mulheres, acreditem em todas as mulheres. Menos em Amber Heard”, zombou o comediante Chris Rock, referindo-se a um lema muitas vezes evocado em casos de violência sexual ou doméstica.
“Ela ***** na cama dele. Uma vez que você **** na cama de alguém, você tem culpa de tudo”.
Isso praticamente resume o filme ruim que poucos resistem a assistir. A falta de respeito não apenas pelo parceiro, mas por si mesmo, destrói qualquer argumento.
Algumas vozes, bem isoladas, erguem-se contra a opinião da maioria pró-Depp e até se espantam com a quantidade de vídeos que a geração Z, tão politicamente correta, coloca no TikTok defendendo o ator e esculhambando com Amber.
Os posts criticam “as roupas dela, o comportamento dela e a equipe de advogados dela, a chamam de golpista e alegam que a maioria das coisas que está dizendo no tribunal vem de diferentes filmes e séries de televisão”, anotou o Telegraph.
Amber Heard sabe muito bem que não está sendo um sucesso de crítica: no começo do mês, trocou de empresa de relações públicas. Acha, como tantos famosos e poderosos, que o problema é dos especialistas em imagem, e não dela.
O julgamento deveria terminar amanhã, mas o veredicto foi protelado para depois do próximo dia 27. Parece impossível, mas ainda há espaço para piorar.