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Por Vilma Gryzinski
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O jogo dos sete erros: tudo que pode dar errado deu na foto de Kate

Alterar uma imagem que comprovaria sua recuperação é diferente das 'mexidas' que todo mundo dá nas próprias fotos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 12 mar 2024, 10h44 - Publicado em 12 mar 2024, 06h44

Quem nunca tirou uma sombra, amenizou umas rugas, escondeu uns defeitozinhos? Ficar melhor na foto, literalmente, é um recurso fácil e universal. Mas não justifica o desastre de relações públicas que a sempre tão cuidadosa Kate, uma princesa de Gales ajuizada e controlada, cometeu com a divulgação de sua foto manipulada.

Em questão de minutos, ela virou um jogo dos sete erros (na verdade, foram levantados dezesseis pontos suspeitos na foto, desde a manga desalinhada de Charlotte, a filha do meio, até a vegetação verdejante ainda no inverno).

A foto que deveria amainar as especulações delirantes propiciadas pelo afastamento de Kate de compromissos públicos, dedicada a uma convalescença inexplicavelmente longa para uma “cirurgia abdominal), insuflou de maneira incontrolável o conspiracionismo. Pior ainda, pôs em dúvida a credibilidade da princesa e seu marido. William fez o flagrante – ou dizem que fez – e Kate, diante do tsunami, assumiu que “como tantos outros fotógrafos amadores, eu ocasionalmente faço experiências de edição”.

Não tinha alternativa: as seis grandes agências de fotojornalismo que haviam divulgado a foto passada pela equipe de comunicações do Palácio de Kensington se viram na obrigação de retirá-la de circulação. É uma medida drástica que fez muitos suspeitarem mais ainda: seria a foto inteiramente montada, mais comprometida do que as pequenas intervenções de Photoshop que ficam evidentes até aos olhos menos treinados?

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GOL CONTRA

Se a foto foi montada, estaria a saúde de Kate realmente comprometida?

E que tipo de aconselhamento profissional o futuro rei e a futura rainha estão recebendo, para cometer erros tão primários?

Até monarquistas comprovados ficaram furiosos. “Não dá mais confiar no Palácio”, bufou Liz Jones, colunista do Daily Mail, tabloide que tem o site mais acessado do reino. “Eles acham que somos burros”.

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Dar vexame é uma coisa, perder a credibilidade é mais grave. A monarquia sobrevive graças a uma complexa trama que envolve princípios constitucionais e sentimentos nacionais. Trair estes sentimentos custa caro: durante décadas, Charles amargou uma grande impopularidade por ter não só traído a primeira esposa, Diana, como dado uma desastrosa entrevista confirmando tudo.

Agora, tendo conseguido se tornar rei em idade já avançada com uma boa dose de aprovação, mesmo sem entusiasmo, teve que ficar semiafastado do palco onde o espetáculo da monarquia é encenado, para se tratar de um câncer de tipo não revelado. Simultaneamente, como numa novela em que as guinadas acontecem todas ao mesmo tempo, Kate foi operada, sem os mais míseros detalhes sobre a cirurgia e os motivos da recuperação tão prolongada.

Uma única foto resolveria tudo – mas a foto única divulgada no domingo criou mais problemas ainda. “Um desastroso gol contra”, resumiu o colunista Alexander Larman na Spectator.

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E por que não divulgar a foto original, sem as pequenas e até inocentes intervenções identificadas? O Palácio não quer.

ERRO BANAL

Transformar a princesa, por falta de informações, em motivo de piadas e memes já parecia suficientemente ruim. Criar um desastre desnecessário e atingir a credibilidade do casal é pior ainda.

Um dos motivos da sobrevivência dos regimes monarquistas na era contemporânea é que um rei ou uma rainha representam o Estado sem se imiscuir em problemas momentâneos da política. São o retrato de uma instituição permanente – ou tão permanente quanto empreendimentos humanos podem ser.

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Em troca dos privilégios imensos de que desfrutam por terem nascido na família em que nasceram, ou na qual entraram via casamento, como Kate, têm que corresponder a enormes expectativas, declaradas ou inconscientes, um trabalho e tanto.

William e Kate continuam a ser os mais habilitados a fazer isso na monarquia britânica. Talvez estejam pressionados por um problema de saúde inesperado para uma mulher de 42 anos, atlética e cheia de energia, capaz de enfrentar multidões com um sorriso inabalável e um salto que a deixa com quase 1,85 metro de altura.

Talvez o salto habitual não possa ser usado por causa da cirurgia, talvez haja motivos não revelados para a longa convalescença, talvez a foto alterada tenha sido um erro banal.

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MAUS CONSELHOS

Mas como um problema de saúde sério que só deveria despertar simpatias virou a crise mais grave já enfrentada pelos príncipes, pior do que quando o Harry acusou o irmão de tê-lo agredido fisicamente?

Esse tipo de erro não tem nada de banal. Se foram William e Kate que não dera ouvidos aos conselhos dos profissionais que empregam ou se foram estes profissionais os responsáveis por maus conselhos agora não faz diferença.

“Ela imaginava que fosse enganar profissionais treinados para analisar centenas de fotos por dia, para ver se são autênticas ou fraudulentas?”, perguntou um especialista em realeza consultado pelo Daily Mail, Michael Cole. “É de uma ingenuidade que beira a tolice”.

Deixar-se fotografar dentro de um carro, com o rosto virado, não ajudou muito Kate a começar a consertar o desastre. Os príncipes de Gales estão aprendendo uma máxima da política: conquistar credibilidade é um trabalho para a vida toda, perdê-la pode acontecer num átimo.

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