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O esquema de Hunter Biden: mandem o dinheiro e jantem com o papai

Lentamente escavados, vão aparecendo fatos que criam uma impressão muito forte de que o filho do presidente vendia, acima de tudo, o próprio nome

Por Vilma Gryzinski 10 ago 2023, 14h00

Bateu uma vontade de comprar um Porsche? É só pedir para um “contato”, bafejado pela mesma sorte de fazer amigos e influenciar pessoas, e o dinheiro magicamente se realiza na sua conta. 

Mais especificamente: 142,3 mil dólares, transferidos para uma das empresas aparentemente de fachada de Hunter Biden por Kenes Rakishev, um barão do petróleo do Cazaquistão.

Rakichev foi um dos convidados para um jantar em 2014 que está complicando a vida do presidente Joe Biden. Os registros do evento, no Café Milano, mostram o encontro de Biden, que na época era vice-presidente, com investidores interessados em aplicar no fundo pertencente a Hunter e seu sócio, agora delator, Devon Archer.

Participou do mesmo jantar a milionária russa Yelena Baturina. No mesmo ano, ela entrou com 6 milhões de dólares, em dois pagamentos, para empresas de Hunter. Quando apareceram as primeiras listas de oligarcas russos sancionados por causa da guerra na Ucrânia, ela estava fora.

Não há sinal de que qualquer parte do montante de 20 milhões de dólares, apurado pela comissão de investigação criada depois da vitória da oposição republicana na Câmara, tenha chegado a Joe Biden. Mas proliferam os indícios de que seu filho usou o nome do pai para conseguir bons contatos — e investidores melhores ainda — em países como Ucrânia, Rússia, China e Cazaquistão. 

E de que também fez lobby em favor de seus, digamos, interlocutores, o que seria um delito sério — todo mundo pode representar em Washington os piores regimes da humanidade, contanto que se registre como agente de um país estrangeiro.

Hunter Biden nunca fez isso. Mas deixou uma multiplicidade de indícios de atitudes suspeitas ou ilegais.

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Qual a diferença entre Hunter e Nicolás Petro, o filho processado por desviar dinheiro sujo de campanha do presidente colombiano Gustavo Petro? Hunter ganhava mais. E também não abriu o jogo, como está fazendo o filho de Petro, levado à prisão por revelações da ex-mulher e agora disposto a contar tudo.

Mas deixou preciosidades como um e-mail trocado com Devon Asher no qual enuncia os motivos pelos quais o milionário chinês Che Feng investia tanto no fundo dos sócios americanos. “Ele não gosta de mim, gosta do meu sobrenome”, escreveu o filho de Biden. E ainda acrescentou uma insinuação: Che Feng também gostava dos “deuses arianos bonitões”, os parceiros de negócios que o acompanhavam em viagens à China.

Investigar os negócios da família Biden é complicado pelas várias camadas de empresas criadas para receber pagamentos pelos serviços prestados, fossem eles investimentos legítimos ou venda de influência. É difícil, para os investigadores da Câmara, apresentar uma prova definitiva, o “revólver fumegante”, como dizem os americanos – o equivalente ao dito brasileiro que envolve batom e roupas íntimas masculinas.

Também existe uma resistência natural ao material investigado, encontrado principalmente num laptop que Hunter mandou para conserto e nunca foi buscar. O computador registra em detalhes os piores momentos da vida dele: viciado em crack e em sexo, com cenas degradantes entre as prostitutas que pedia pelo delivery (com despesas pagas e depois apresentadas como se fossem transações comerciais na pessoa jurídica).

É triste ver um ser humano cair no abismo tão profundo que o vício em drogas pesadas provoca e parece invasão de privacidade expor esses episódios, como fez uma das destemperadas da ala trumpista, Marjorie Taylor Green, exibindo fotos ampliadas de cenas de sexo de Hunter.

Também pesa o fato de que ele conseguiu se livrar do vício e reconstruir a vida, com um novo casamento e um filhinho pequeno, mimado e amado – ao contrário da filha que teve com uma ex-profissional de striptease, a pequena Navy, a quem só reconheceu e passou a pagar pensão por acordos na justiça.

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Mas também não dá para fechar os olhos ou mudar de assunto — sendo o assunto geralmente as encrencas com a lei de Donald Trump.

Quando era vice-presidente, Joe Biden ajudou nos contatos comerciais do filho, levou-o junto a viagens oficiais em países nos quais ele tinha ou viria a ter negócios, foi colocado no viva-voz com pessoas do gênero pelo menos vinte vezes e participou de jantares com investidores envolvidos com Hunter.

É mais do que suficiente para criar a impressão de favorecimento ilegítimo, como acreditam 53% dos americanos, segundo uma pesquisa. 

Mas é pouco para criar um ambiente favorável a um impeachment de Biden. Ou competir com a narrativa espetacular, cheia de elementos farsescos e lances bombásticas, dos sucessivos processos em que Trump se torna réu. 

E até no Planalto já tem gente que aprendeu a falar sobre a importância da narrativa.

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