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O cerco de Kiev: dias de glória para Putin e de luto para a humanidade

O Exército ucraniano não tem condições de resistência a longo prazo e aliados de Moscou planejam um governo fantoche

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 1 mar 2022, 14h24 - Publicado em 26 fev 2022, 08h20

Os chechenos estão chegando. Como acontecia outrora com os cossacos em outros rincões do império russo, a simples ideia de combatentes exóticos – e matadores consumados – chegando com os invasores infundiu o terror em Kiev, a capital abandonada à própria sorte.

Os “chechenos de Putin” fazem parte dos que se aliaram ao líder russo depois de anos de rebelião da república muçulmana. Segundo os boatos, suas tropas, exímias em armas brancas, têm um baralho com os rostos dos dirigentes ucranianos a serem presos ou coisa pior – uma imitação tétrica dos americanos no Iraque.

A capital ucraniana pode cair em questão de horas e o tom desesperado dos últimos pronunciamentos do presidente Volodimir Zelenski deixou claro que ele sabe bem disso.

“Fomos deixados sozinhos para defender nosso estado. Quem está pronto para lutar conosco? Não vejo ninguém. Todo mundo está com medo”, disse o ex-comediante, dirigindo-se ao público externo. Nos últimos dias, ele passou a usar camiseta verde-oliva do exército e fazer suas transmissões num bunker, exceto por cenas – de arrepiar – transmitidas na rua, para provar que todo seu governo continuava em Kiev.

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A solidão da Ucrânia, que só pode ser lamentada por quem tem um mínimo de decência, é fruto de uma realidade inexorável: a Rússia tem o maior arsenal nuclear do mundo (6.257 ogivas, contra 5.550 dos Estados Unidos) e, portanto, total poder de dissuasão de qualquer ação militar de terceiros.

A invasão da Ucrânia também demonstrou que suas forças convencionais estão tinindo. Ainda mais contra um adversário com nível de preparo inferior. Nem a resistência natural dos que estão defendendo a própria terra tem demonstrado efeitos operacionais capazes de influenciar resultados.

Com a intervenção avassaladora, Vladimir Putin vive dias de inebriante poder. Chegou a sugerir ao exército ucraniano que deponha a “gangue de viciados em drogas e neonazistas”. Ironicamente, o mundo inteiro está vendo quem se comporta como gângster.

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Mais realisticamente, Putin está com o caminho aberto para a próxima fase: criar uma fachada de legitimidade.

Uma das peças à sua disposição é Viktor Medvedchuk, milionário e político que está cotado para sair da prisão domiciliar, onde foi colocado pela justiça ucraniana, para o poder.

Medvedchuk é amigo de passar férias junto com Putin, padrinho de sua filha Daria. É também o maior defensor dos interesses russos na Ucrânia, motivo pelo qual o governo atual – se ainda existir – confiscou há um ano seus três canais de televisão e o acusou de traição, sob protestos de Putin.

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Ele foi um dos fundadores do partido pró-Rússia, Plataforma de Oposição, e ficou em segundo lugar na eleição passada, atrás do improvisado partido de Zelenski, Servo do Povo, o mesmo nome da série de televisão em que ele interpretava um professor inesperadamente eleito presidente.

Numa reportagem para a Time para um perfil sobre Medvedchuk, Simon Shuster entrevistou o assessor de um dos magnatas pró-Rússia que definiu assim os objetivos de Putin: “Ele não quer caos e guerra na Ucrânia a longo prazo. Quer um protetorado, um governo leal, como tinha antes”.

Será possível “normalizar” a Ucrânia depois da violência inominável de uma invasão militar?

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Tomar um país pode ser fácil, como a Rússia constatou no Afeganistão e os Estados Unidos no mesmo Afeganistão e no Iraque, mantê-lo sob ocupação é mais difícil.

Até para quem tem chechenos à disposição.

O mais famoso desses guerreiros foi Abukhadzhi Isidrov, um atirador de elite do Exército Vermelho durante a II Guerra Mundial, com 349 inimigos na sua conta.

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Condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, ele foi depois da guerra deportado para o Cazaquistão, como aconteceu com centenas de milhares de outros chechenos.

As deportações em massa ordenadas por Stálin são um dos motivos pelos quais populações ucranianas foram substituídas por russos depois da guerra.

A história pesa muito nesse lado do mundo. Tendo mostrado ser um leitor voraz de história – um perigo para quem entra no assunto já sabendo onde quer chegar –, Putin conquistou um país inteiro para pôr à prova suas teorias.

Estamos vendo os resultados.

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