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Numa eleição compactada, candidatos a vice nos EUA viram discussão

A saída de Joe Biden e a entrada de Kamala Harris mudaram tudo na eleição presidencial e a agressividade mútua agora se concentra nos vices

Por Vilma Gryzinski 14 ago 2024, 07h08

De forma geral, o papel dos candidatos a vice é ficar quietos e não criar problema, no máximo fazer em contrapeso ao nome principal e trazer alguns votos de seus estados originais, o que não é nada garantido. Não nessa atual campanha, tão sem precedentes com a desistência de Joe Biden e a ascensão de Kamala Harris. J.D. Vance e Tim Walz, o republicano e o democrata, estão levando pancadas como raramente se viu.

As “acusações” contra Vance beiram o ridículo: foi fotografado com delineador nos olhos e também fantasiado de mulher, numa coisa com cara de Halloween, mas que a imprensa pró-Harris transforma em assunto – cheio de insinuações sobre preferências alternativas. Ele também é “acusado” de ser de direita, o que realmente é e nunca escondeu. Aliás, de uma nova direita, com ideias diferentes do liberalismo clássico e a favor do protecionismo para preservar empregos americanos.

Também há um forte componente do catolicismo conservador. O senador se tornou católico já adulto, por convicção – o que para a ala progressista soa como ele tivesse entrado de sócio no castelo de Drácula. Vance superou uma infância aterradora, com a mãe viciada em drogas, entrou para o Corpo de Fuzileiros Navais, formou-se em Yale e se aproximou de milionários libertários do mundo high tech.

Nada mau, certo? Suas ideias também são interessantes, pelo menos para ser discutidas, porque apontam para caminhos menos conhecidos e se coadunam com propostas de Donald Trump como tarifas de 10% sobre todas as importações – muito maiores no caso da China, indicando uma tendência ao protecionismo depois que a era da globalização deletou tantos empregos nos Estados Unidos. Interessa ao planeta inteiro.

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“CORAGEM ROUBADA”

Alguém está falando nisso? Não, a “foto de drag queen”, mesmo que evidentemente seja uma brincadeira, ganha mais cliques. E também as insinuações nada disfarçadas sobre a mulher do candidato, Usha, que é filha de indianos. “Amigos” aparecem toda hora para se dizer espantados por ela apoiar Trump.

O conceito de mudar de ideia parece ter sido totalmente eliminado.

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Tim Walz também é um tipo diferente de governador luterano e branco: suas propostas ultraprogressistas o colocam à esquerda até de Kamala Harris, que ganhou o título nesse quesito quando era senadora. Ele é a favor da mudança de gênero de menores sem que os pais sejam comunicados, do aborto em qualquer fase da gestação e de um grupo de muçulmanos de Minnesota liderado por um imã que elogia Adolf Hitler – nada que outros seguidores da sua escola de política folclórica nem de longe endossariam.

Os ataques a ele se concentram agora na forma distorcida – uma forma de dizer mentira – sobre seu período na Guarda Nacional do Exército. Há fortes indícios de que ele não retratou essa fase de forma fiel, apresentando-se como um veterano combatente. Na verdade, quando estava para ser mobilizado para o Iraque, antecipou sua aposentadoria. Os americanos chamam isso de “coragem roubada”, quando políticos distorcem ou até inventam serviço militar que nunca prestaram.

Se Walz não falou a verdade, isso deve ser exposto pela imprensa, no seu papel fiscalizador. Mas o fato é que até a imprensa americana está totalmente partidarizada e qualquer coisa negativa sobre a chapa democrata só aparece nos veículos, minoritários, que se identificam com os republicanos (e também escondem os defeitos deles).

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ALEGRIA, ALEGRIA

A forma como Kamala Harris vem sendo promovida na imprensa majoritariamente pró-democrata chega a ser ridícula. Às vezes, evoca o velho Pravda. As manchetes “Como Kamala Harris já está mudando a face do poder presidencial” e “Kamala costumava se preocupar com a risada, mas agora a alegria está movendo sua campanha” poderiam ser do velho jornal do partido comunista soviético, mas são do New York Times.

A candidatura de Kamala, tão em cima da hora, efetivamente mudou a dinâmica eleitoral e desarticulou um Trump que estava com tudo pronto para bater no velho e cognitivamente prejudicado Joe Biden.

Na média das pesquisas do RealClearPolitics, o impulso está a favor dela. Tem agora 47,5%, contra 47,1% de Trump. Virou a tendência em sete das nove pesquisas. Com a convenção democrata na próxima segunda-feira, deve subir no mínimo mais dois pontos.

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Também está sendo difícil associar Kamala aos problemas decorrentes de políticas do governo Biden, como a alta nos preços dos alimentos e a imigração descontrolada.

Talvez muitos americanos estejam tão aliviados com a saída de Biden que prefiram se concentrar nas qualidades de Kamala – mais jovem, cheia de energia, com cara de presidente de cinema e também bonita, um fator que pesa inconscientemente.

PREPARO INTENSIVO

Quem parece velho, agora, é Trump. Todo o efeito alcançado quando ele se desviou de uma bala assassina, ergueu o punho e clamou “Lutem! Lutem!”, dá a impressão de ter desaparecido.

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“Como foi a tentativa de assassinato?”, tentou incentivar Elon Musk na entrevista pelo X.

“Nada agradável”, disse Trump. Seria uma resposta antológica, mas caiu no vácuo.

Os vices entram assim como acessórios que reforçam a imagem tanto de Trump quanto de Kamala, ele à direita, ela à esquerda.

Kamala está sendo intensivamente preparada para passar pelos testes que ainda não enfrentou, como os debates. Tem evitado até entrevistas à imprensa, mesmo sabendo que a maioria dos repórteres só vai fazer perguntas amistosas sobre “alegria” e “senso de humor” (a palavra de ordem do comitê central sobre Walz, antes das mais recentes revelações).

O “estilo teleprompter”, em que lê discursos para audiências entusiasmadas como se estivesse improvisando, está funcionando. Por que mudar?

Faltam apenas 84 dias para a eleição e é nessa etapa que as preferências eleitorais se consolidam e os candidatos a vice vão voltando para sua desimportância original.

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