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Por Vilma Gryzinski
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Não é só Israel que corre contra o relógio: Joe Biden também tem prazo

Cai o apoio dos americanos a Israel e também à forma como o presidente está conduzindo a posição dos Estados Unidos em relação à guerra

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 20h04 - Publicado em 16 nov 2023, 08h00

As imagens constantes de bombardeios em Gaza estão funcionando para solapar o apoio da opinião pública americana a Israel, uma sustentação vital: somente os Estados Unidos, com uma participação menor do Reino Unido, garantem que o estado judeu não será lançado no isolamento global. A abstenção americana na votação do Conselho de Segurança propondo uma pausa humanitária foi uma amostra do que pode ser esse isolamento.

Apenas 32% dos consultados numa pesquisa Reuters/Ipsos disseram que os Estados Unidos deveriam apoiar Israel – uma queda pronunciada. Logo depois do ataque em massa do Hamas em 7 de outubro, com seu cortejo de horrores, o índice era de 41%.

A proporção dos que acham que “os Estados Unidos deveriam ser um mediador neutro” subiu de 27% para 39%. O que não mudou: 4% acham que o país deveria apoiar os palestinos – provavelmente todos nas universidades de elite – e 15% que não deveria se envolver.

O apoio a Israel caiu entre democratas e republicanos, um sinal de que uma parte da direita, sensível à influência de nomes como Tucker Carlson. O apresentador não tem mais a plataforma da Fox – o único canal de televisão que dá apoio total a Israel -, mas continua a influenciar um público enorme via X. Sem a mesma intensidade ferina com que ataca o apoio à Ucrânia, ele se colocou, com o habitual – embora convincente – cinismo, como defensor do não intervencionismo.

É uma posição isolacionista que tem seu apelo desde sempre, uma tendência que aumenta quando os cidadãos consideram que as dificuldades econômicas estão aumentando e não querem bancar o preço inevitável de ser uma superpotência. O pedido de ajuda adicional a Israel, de 14 bilhões de dólares, é quase irrelevante num país que tem um orçamento anual de 6,4 trilhões de dólares, mas a má vontade com gastos extras é mais conceitual do que conectada com a realidade.

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Esta má vontade também aumenta devido à impopularidade do presidente. Apenas 40% dos americanos apoiam as posições que Biden assumiu em relação a Israel, num sinal de que a janela de oportunidade também vai se estreitando para ele.

Nada menos que 67% dos americanos querem que seja proclamado um cessar-fogo, uma decisão que Biden eventualmente vai forçar Israel a tomar, embora saiba muito bem que é do interesse dos Estados Unidos, bem como de seus aliados no Oriente Médio, que o Hamas seja obliterado.

Qual o ponto de equilíbrio essa obliteração e o momento em que a pressão da opinião pública se torna inescapável? Principalmente para um presidente que busca a reeleição dentro de apenas um ano e está longe do melhor dos mundos – ao contrário, aparece em empate técnico e até poucos pontos atrás de Donald Trump em cinco de seis estados-chave que definem a eleição?.

A rapidez com que as Forças de Defesa de Israel estão eliminando as estruturas de poder do Hamas pode dar algum alento a Biden – estamos falando, evidentemente, das estruturas físicas. Debaixo da terra, em sua vasta rede de túneis, o Hamas sobrevive. Sabe que Israel não dará a opção de uma retirada, como aconteceu com os remanescentes do Estado Islâmico depois que sua derradeira base, na cidade iraquiana de Mossul foi aniquilada.

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Para onde poderão ir?

“Por que eles não vão para o. Inferno e se escondem lá? Por que estão escondidos entre nós?”, bradou um palestino desesperado, entrevistado no hospital Al-Shifa por um repórter da Al Jazira que imediatamente cortou a entrevista – a emissora do Catar só transmite o que é positivo para o Hamas e não quer saber de pessoas comuns exasperadas com a tática de uso de instalações civis como fachada.

Israel tomou o hospital ontem e mostrou armas que comprovariam o uso ilegítimo, inclusive uma submetralhadora escondida num aparelho de tomografia. Não foram exatamente provas contundentes. De qualquer maneira, muda pouco a posição da opinião pública americana. A guerra vai se tornando um ruído incômodo, esvai-se a empolgação que envolveu Biden por suas posições iniciais tão firmes e convincentes sobre Israel e é impossível explicar para o grande público que um cessar-fogo pode adiar em vez de abreviar uma futura acomodação. E Trump, mesmo com a chuva de processos nas costas, vai se tornando não tão inviável assim.

O relógio corre para todo mundo. O ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, disse há dias que Israel tem “de duas a três semanas” para completar a obliteração do Hamas, antes que um cessar-fogo seja imposto. Foi sincero demais, embora realista.

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