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Milei se transforma em personalidade mundial: isso é bom para a Argentina?

Capa da 'Time', show de rock e brigas múltiplas reforçam a imagem extravagante de um presidente libertário como jamais existiu outro

Por Vilma Gryzinski 24 Maio 2024, 08h02

Não compre briga com bêbados ou loucos, recomenda a sabedoria popular. Ou com a torcida argentina, ou com Javier Milei poderíamos acrescentar.

“Pedro, Pedro, Pedro, nhém, nhém, nhém. Sua mulher é corrupta e você também”, entoaram os presentes ao show em que o presidente argentino se apresentou para o lançamento de mais um de seus livros.

A essa altura, todo mundo sabe que Pedro é Sánchez, o primeiro-ministro espanhol a cuja mulher Milei se referiu como “corrupta” durante um evento na Espanha, embora não haja indicações legítimas sobre a ajuda do estado a uma empresa aérea encrencada, negociação da qual participou Begoña Gómez – equivocadamente, pois a mulher de César, ou de Pedro, além de ser, tem que parecer honesta.

Os cerca de cinco mil presentes no histórico Luna Park também vaiaram John Maynard Keynes. A Banda Liberal, comporta por amigos de Milei, tocou. Havia um bumbo com a figura de Ludwig von Mises, um dos ídolos de Milei.

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Sim, é uma loucura.

Sim, o embate terceirizado entre Mises e Keynes só poderia acontecer na Argentina em que Milei transformou a causa ultralibertária num assunto corriqueiro, acaloradamente discutido nas ruas e estádios.

E não, não sabemos no que vai dar tudo isso.

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SEM INTERMEDIÁRIOS

“Como Javier Milei está chocando o mundo”, diz a capa da Time sob a manchete “O Radical”.

Na entrevista, Milei se comportou como um lorde, para seus padrões. Falou como economista e presidente, fez recapitulações históricas já conhecidas sobre o original trajeto da Argentina e mostrou a já conhecida convicção de que tudo, tudo está correndo de acordo com os planos e vai dar certo, inclusive o efeito rebote que se seguirá ao ponto atual, do fundo da letra V, usada para exemplificar disparadas na recuperação econômica depois do inferno recessivo.

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Só perde a paciência, notavelmente curta, quando fala da grande manifestação em defesa das universidades públicas, obviamente explorada como fins políticos (é assim que funciona: a oposição explora os pontos fracos do governo) mas se acalma quando a entrevistadora comenta que ele é hoje o líder mais ativo nas redes sociais em todo o mundo.

Milei se anima e diz que atingiu 46% dos argentinos com as explanações sobre economia – isso sem contar as redes sociais. Existe até um site que monitora quanto tempo o presidente passa no X e ele argumenta que é hiperativo e dorme da meia-noite às seis.

“Eu falo diretamente com o povo. ‘Por que preciso de um intermediário se falo diretamente com o povo?’. E os intermediários, a propósito, são mentirosos e transformaram esse país numa cloaca”.

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“CAMINHO DA SERVIDÃO”

Sobre a guerra cultural, que a entrevistadora tentou mostrar como um assunto polarizador, Milei foi cristalino.

“Nós acreditamos que o pós-marxismo ameaça os valores ocidentais e pode levar o mundo à ruína. Para entender isso, você precisa ler muito Mises e Hayek. Você precisa entender a questão da polaridade que Mises levanta, onde se tem basicamente dois sistemas de verdade, um é o capitalismo de livre mercado e outro o socialismo”.

“O que Hayek diz no Caminho da Servidão é que qualquer decisão intermediária tende ao socialismo, isso significa que cria um círculo vicioso de intervenção, que deteriora a economia e leva a mais intervenção. Em última instância, destrói um país. Se quiser um exemplo de como essas ideias destruíram um país, basta olhar para a Argentina”.

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Transformado, inesperadamente, no garato propaganda mundial da escola austríaca, “o presidente mais excêntrico do mundo”, segundo a Time, está adorando cada minuto dessa fama. Pode dar formidavelmente certo, pode saír catastroficamente arrasado.

Só não é aconselhável comprar briga com ele sem saber exatamente o que isso implica. Pedro Sánchez está descobrindo isso.

Ah, sim, a outra coisa que o público do show de Milei cantou sobre o primeiro-ministro espanhol é impublicável.

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