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Por Vilma Gryzinski
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Israel sem solução: indefinição em Gaza, choque com Hezbollah crescendo

Da posição dos Estados Unidos ao risco de conflito permanente, questões prementes pressionam por uma saída quase impossível

Por Vilma Gryzinski 1 abr 2024, 06h39

Quem vai ficar com Gaza? Como impedir que o Hamas, mesmo diminuído, emerja triunfante dos túneis? Até quando Joe Biden vai resistir a uma opinião pública interna que já não apoia Israel majoritariamente? Quanto sobra de fôlego para uma escalada com o Hezbollah que parece inevitável?

Sem contar a infernal questão dos reféns e o risco de que, por qualquer concessão que inevitavelmente terá de fazer em Gaza, o governo do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu caia em plena guerra. 

Todo mundo sabia que iria ser uma guerra difícil para Israel – mas os desafios parecem estar crescendo em vez de retroceder,  mesmo considerando-se que o ritmo das atividades bélicas em Gaza diminuiu diante da expansão do controle israelense.

Por mais inacreditável que pareça, o Hamas tem a vantagem na frente política. A opinião pública não aguenta ver o sofrimento da população civil de Gaza, mesmo nos países que apoiaram o direito de Israel de reagir depois do bárbaro ataque de 7 de outubro.

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“ABAIXO OS EUA”

A mais significativa virada foi mostrada numa pesquisa Gallup em que 55% dos americanos desaprovam a conduta de Israel em Gaza (um aumento de dez pontos desde novembro passado). Até entre os republicanos, o mais sólido segmento de apoio a Israel, a aprovação caiu de 71% para 64%. Entre os democratas, a diferença foi de 36% em novembro para 18% em março.

Num ano eleitoral, Joe Biden é perseguido por esses números – e por minorias que, absurdamente, o chamam de “Joe genocida” e agora começaram a gritar “Down with the USA” – Abaixo os Estados Unidos.

Isso já se refletiu na abstenção americana na votação do Conselho de Segurança da ONU, exigindo um cessar-fogo que em tudo beneficia o Hamas.

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Discretamente, os israelenses também soltaram um novo balão de ensaio: uma “força árabe” formada por três países, dois deles provavelmente o Egito e os Emirados Árabes Unidos, sob controle dos Estados Unidos, apoiaria uma futura administração civil de Gaza entregue a palestinos que “não são hostis” a Israel. Outro balão, vindo do lado árabe: a força internacional também atuaria na Cisjordânia.

A probabilidade de que isso aconteça é nula, mas mostra como qualquer solução para Gaza é infinitamente complexa – e como os americanos estão pressionando por uma saída.

“GUERRA DEVASTADORA”

A primeira tarefa dessa força árabe seria garantir a distribuição da ajuda internacional e fazer a segurança do píer que os americanos estão construindo para aumentar a chegada dos víveres e produtos de primeira necessidade.

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É impossível olhar esta obra e deixar de pensar no fatídico 23 de outubro de 1983, quando um caminhão-bomba lançado contra o QG dos marines enviados como força de estabilização ao Líbano por Ronald Reagan matou 241 militares americanos (um segundo suicida explodiu 58 paraquedistas franceses).

O Hezbollah não tentaria fazer a mesma coisa com os americanos em Gaza, mesmo que cautelosamente distantes de operações terrestres? É claro que sim. Principalmente à luz do conflito crescente com Israel, obscurecido pela campanha de Gaza. As Forças de Defesa de Israel “estão se preparando para uma guerra curta, mas devastadora no Líbano”, resumiu no site Times of Israel o analista militar Amir Bar Shalom.

Mesmo que os agressores sejam uma força paralela como o Hezbollah, o Líbano é um país membro da comunidade internacional, ao contrário de Gaza sob o domínio do Hamas, e os riscos diplomáticos para Israel seriam muito maiores.

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ESCOLAS TALMÚDICAS

Tudo isso acontece simultaneamente aos conflitos políticos internos. Familiares de reféns agora se aliaram publicamente aos manifestantes que querem a cabeça do primeiro-ministro e ontem marcharam juntos, num grande protesto que coincidiu com a cirurgia noturna a que ele se submeteu para corrigir uma hérnia.

Além dos protestos da esquerda, Netanyahu também corre o risco de perder o apoio da extrema direita com a qual formou governo por causa de uma decisão judiciária que obrigaria os judeus ultraortodoxos a prestar serviço militar, como todos os demais cidadãos.

Os ultraortodoxos que estudam nas escolas talmúdicas são isentos e acreditam que sua rotina de orações e estudos dos textos religiosos é tão importante para a sobrevivência do país quanto ir para a frente de guerra. Uma parte da direita e todos os demais integrantes do espectro político rejeitam furiosamente essa premissa. Um adolescente haredi, como são chamados os ultraortodoxos, queimou uma bandeira de Israel durante um protesto, num ato considerado uma heresia contra um Estado em guerra.

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Os que acreditam que tudo seria “diferente” sem Netanyahu podem ter a desilusão de descobrir que estavam se enganando.

CULTURA COLETIVA

O primeiro-ministro eventualmente vai ter que acertar contas com o país: foi sob sua direção que aconteceu a falência generalizada das forças de segurança que possibilitou a infiltração em massa do Hamas.

Mas com ou sem ele, os problemas para Israel se acumulam. Saber que não existem soluções fáceis faz parte praticamente do ethos, da cultura coletiva de Israel, embora raramente tenham existido problemas tão complexos. 

Por trás dos múltiplos conflitos, está o Irã, insuflando seus satélites e comemorando os percalços de Israel. Talvez seja a única garantia de que os potenciais aliados árabes de Israel não vão se rebelar e boicotar para valer o país em guerra. 

Para todos, o Irã xiita com sua influência em expansão é uma ameaça mortal. Talvez saia desse contexto algum tipo de solução.

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