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Ir ao estádio para torcer contra a própria seleção? Iranianos fazem isso

'Quero que o Irã perca os três jogos', disse um iraniano que foi ao Catar, numa mostra de que os protestos contra o regime não acabarão tão facilmente

Por Vilma Gryzinski 22 nov 2022, 07h22

Perder de 6 a 2 no jogo de estreia na Copa seria motivo para deixar qualquer iraniano arrasado? Ao contrário, há torcedores celebrando. Isso dá uma ideia do tamanho da revolta que tomou o país desde a morte de uma jovem sob custódia da polícia de costumes – ela tinha sido detida por deixar aparecer parte do cabelo por baixo do obrigatório lenço na cabeça.

Os próprios jogadores da seleção iraniana não cantaram o hino nacional. O capitão do time, Ehsan Hajsafi, disse na abertura da entrevista anterior ao jogo, sem ninguém perguntar, que os manifestantes deveriam saber que “simpatizamos com eles”.

É preciso ter uma coragem tremenda para assumir essa posição publicamente, na maior vitrine do mundo.

A fibra dos iranianos está sendo testada diariamente desde o último 16 de setembro, quando Mahsa Amini, internada com traumatismo craniano, não resistiu. Quase 400 pessoas já foram mortas, quinze mil presas e seis condenadas à morte.

O regime teocrático iraniano tem toda força – e a falta de controles democráticos – para fazer o que quiser e nem assim está conseguindo sufocar a onda de revolta. Muitas vezes são mulheres e meninas adolescentes que enfrentam desarmadas a repressão, com um grito insuportável para o regime: “Morte ao ditador”.

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O ditador é o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, segundo os mandamentos teocráticos que dão a palavra final a uma autoridade religiosa.

Representantes do regime culpam, claro, os Estados Unidos – pelos protestos e por tudo mais que exista no mundo. Mas o fato é que as manifestações não têm líderes, o que as torna, ao mesmo tempo, menos efetivas e mais difíceis de controlar.

O que fazer quando não dá para colocar algumas dezenas de cabeças na cadeia e baixar um castigo exemplar? E como punir meninas de quinze anos que queimam o lenço, não a bandeira americana?

Até tabus que pareciam intransponíveis estão caindo como goleiros diante do pênalti. Circularam relatos que manifestantes jogaram coquetéis Molotov na antiga casa do aiatolá Khomeini, o pai da república islâmica, catapultado do exílio ao poder quando o regime do xá Reza Pahlavi foi desconstruído, justamente, pela força de manifestações incessantes.

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Embora agentes de segurança não tenham mudado de lado, como em 1979, as manifestações trazem um enorme prejuízo adicional para o regime: impossibilitam um acordo sobre o programa nuclear que Joe Biden queria refazer. Sem acordo, as sanções americanas continuam e assim como o estresse para a economia.

Cada vez que os protestos parecem ter sido sufocados, renascem com força em diferentes regiões do país. Agora, surgiram até na Copa do Mundo, onde espectadores que torciam contra levaram cartazes dizendo que a seleção não representa verdadeiramente o Irã, mas a república islâmica que repudiam e odeiam.

Depois do silêncio dos jogadores diante do hino nacional, talvez tenham passado, estranhamente, a representar.

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