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Guerra ao carro: grandes cidades fazem tudo para infernizar motoristas

Zonas de exclusão e pedágios são alguns instrumentos usados por prefeitos de esquerda para cobrar taxas que tornam impraticável o uso de veículos

Por Vilma Gryzinski 28 nov 2022, 06h53

“É claro que não”, disse o prefeito de Londres, Sadiq Khan, negando que esteja movendo uma guerra aos motoristas. “Não somos contra as pessoas que precisam se mobilizar com veículos por nossa cidade: eletricistas, encanadores, floristas”.

É claro que o prefeito está mentindo. A expansão da Zona de Emissões Ultrabaixas, ULEZ, na sigla em inglês, de forma a abarcar toda a Grande Londres a partir de 29 de agosto, é um golpe a mais para quem depende de carro para ir trabalhar, prestar serviços entre vários endereços, levar os filhos à escola ou simplesmente desfrutar do sentimento de independência, conforto e proteção contra os elementos que um veículo próprio oferece.

A taxa de 12,50 libras por dia (seis vezes mais em reais) abrangerá cerca de 160 mil carros de modelos mais antigos, com níveis de emissão maior – ou seja, exatamente as pessoas de renda mais baixa. Por mês, são 250 libras, o que inviabiliza o trabalho para quem vive com rendimentos apertados. Donos de comércios que atendem regiões na faixa intermediária entre a zona de pagamento também podem ficar no prejuízo.

A zona mais central de Londres já cobra pedágio dos motoristas particulares e os councils, subprefeituras com mais poder de taxação e decisão, têm autonomia para colocar grandes floreiras de madeira – e câmeras, claro – que subitamente limitam a circulação em áreas inteiras ao trânsito local.

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Ruas comerciais perdem a vida, murcham, encolhem. Teoricamente, a qualidade do ar melhora, embora muitos duvidem da efetividade de medidas localizadas.

A poluição também é o pretexto da prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, para obras extensas e demoradas que diminuem as pistas de avenidas de grande circulação e aumentam a área destinada a bicicletas e patinetes.

Resultado: os engarrafamentos aumentam. Consequentemente, a qualidade do ar piora. Mas a ideia é justamente fazer os motoristas sofrerem tanto a ponto de desistir do transporte individual.

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O ódio aos carros une esquerdistas e ecologistas radicais, como os militantes do movimento Stop Oil, que pregam simplesmente o fim dos combustíveis fósseis, como se o mundo não fosse entrar num colapso de proporções apocalípticas se isso acontecesse.

O movimento tem chamado a atenção pela tática de jogar tinta ou sopa de tomate em alguns dos quadros mais famosos do mundo – protegidos por vidros – e colar suas mãos nas paredes de museus. Eles também vandalizam revendedoras de carros de luxo, considerados pelos aficionados mais extremados obras de arte do nível de um Van Gogh.

Num ataque a uma revendedora da Mercedes na Alemanha, os militantes grudados em veículos em exposição reclamaram que os responsáveis não ofereceram meios que atendessem suas necessidades fisiológicas “com dignidade”. Também se queixaram que eles apagaram a luz e foram embora – deixando-os na escuridão em que o planeta inteiro mergulharia se seus objetivos fossem alcançados.

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O radicalismo infantil de movimentos assim parece ridículo, mas é real o problema da convivência de oito bilhões de seres humanos com 1,4 bilhão de automóveis.

Na Inglaterra do prefeito Sadiq Khan – ou Sádico Khan, como se exasperam motoristas mais prejudicados – a transição para veículos elétricos foi antecipada para 2030. Haverá eletricidade e pontos de abastecimento para todos?

Com o país submetido ao duplo flagelo da recessão e da austeridade, o milagre da multiplicação da energia limpa parece, hoje, bem distante da realidade.

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Os carros elétricos também ainda são caros, têm autonomia limitada e não respondem às necessidades do fluxo de abastecimento quando acontecem grandes eventos.

É claro que esses problemas só podem ser resolvidos com mais tecnologia, não com a reversão a modos de vida do passado como pregam os radicais.

Sadiq Khan fez uma consulta à população sobre a expansão do ULEZ: 60% foram contra e 7,5% acharam que só deveria ser aplicado num futuro mais distante.

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É claro que a opinião dos moradores de Londres foi ignorada. Num toque adicional de sadismo, o prefeito incluiu o aeroporto de Heathrow na área restrita. Quem for levar parentes para viajar, terá que pagar 5 libras pelo acesso e mais 12,50 da taxa de emissão.

Na época do aquecimento a carvão, Londres vivia mergulhada numa névoa que, combinada a fenômenos climáticos naturais, fez a fama da cidade. Hoje, as dez cidades mais poluídas do mundo estão na Índia, Nigéria, Peru, Bangladesh, Indonésia, Paquistão, China e Gana.

É possível ter ar puro e, ao mesmo tempo, a comodidade do carro particular? As respostas estão sendo testadas nos laboratórios que aperfeiçoam métodos não poluentes, não nos gabinetes dos prefeitos que são ideologicamente contra os automóveis – embora, obviamente, andem em carrões com motorista.

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