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Por Vilma Gryzinski
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Fim de Trump é anunciado: não tem meio bilhão para depositar na justiça

Proclamar que “dessa vez é para valer” virou obsessão, mas realmente será interessante ver como ele se safa de caução de 454 milhões de dólares

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 20 mar 2024, 06h45 - Publicado em 20 mar 2024, 06h45

“Nós não gostamos de dizer isso em voz alta, mas vou dizer, e o motivo para ficarmos preocupados é que Trump é mais esperto do que nós”. Assim o cineasta Michael Moore, que fez do antitrumpismo uma causa de vida, definiu a sagacidade, digamos, de Donald Trump.

Será esta esperteza suficiente para o mais novo problema do ex-presidente? Não é um problema pequeno. Seus advogados disseram que é literalmente impossível que ele deposite a caução de espantosos 454 milhões de dólares, necessária para recorrer da multa de mesma quantia a que foi condenado por inflar o valor de seus bens e, assim, conseguir empréstimos em condições mais favoráveis para negócios imobiliários.

Note-se que não houve vítimas nesse caso: os empréstimos foram pagos com juros ao Deutsche Bank. Qualquer pessoa leiga fica estarrecida com o tamanho da multa e suspeita de motivação política do juiz Arthur Engoron.

CINCO DIAS

Mas ordem da justiça é para ser cumprida, mesmo quando patentemente absurda. Trump está num labirinto: se não pagar a caução, não pode recorrer; se não recorrer, tem que pagar a multa. Tem cinco dias para fazer o depósito.

Caso contrário, a chefe do Ministério Público de Nova York, Letitia James, está morrendo de vontade de bloquear suas contas bancárias e embargar bens como a famosa Trump Tower, entre outros bens de seu patrimônio, excepcionalmente ancorado em imóveis.

Nenhuma das trinta empresas especializadas nesse tipo de empréstimo aceitou cobrir a caução de quase meio bilhão de dólares sem garantias igualmente vultuosas.

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Quem tem liquidez para enfrentar uma dívida desse tamanho? Não Trump. Segundo o New York Times, ele tem cerca de 350 milhões de dólares em investimentos líquidos. E esse patrimônio encolheu depois que uma seguradora garantiu outra caução, também espantosa, de 91,6 milhões de dólares, para o caso de difamação que perdeu para E. Jean Carroll, a veterana colunista de Nova York que o acusou de estupro.

E a dinheirama não é sua única preocupação com a justiça. Em duas semanas, vai a julgamento o caso em que Trump é acusado de fazer manobras para calar inconfidências da atriz pornô Stormy Daniels sobre um relacionamento há muito revelado em detalhes constrangedores.

ALTA POLITIZAÇÃO

Menos, obviamente, para os que acham que o caso com uma celebridade da pornografia conta pontos a favor de Trump – ou é relevado por seus admiradores. E talvez até considerado um exemplo de “aplicação assimétrica de nossas leis”, segundo a definição de Victor Davis Hanson, praticamente o único intelectual de peso a favor de Trump.

“Nossa justiça criminal não trata mais os acusados de forma igual perante a lei”, afirma Hanson, enumerando casos em que, na sua visão, políticos e altos funcionários ligados ao Partido Democrata foram tratados com leniência, incluindo Joe Biden, exonerado pelo mesmo crime de que Trump é acusado no caso em que levou para seu palacete na Flórida documentos sigilosos do tempo em que foi presidente.

Um judiciário imparcial e apolítico sempre foi uma das colunas de sustentação do sistema americano, mas nem nos Estados Unidos o ambiente de alta politização deixou de ter efeitos deletérios. Confiar na justiça virou uma questão que reflete inteiramente as opiniões partidárias ou doutrinárias. E as guinadas podem ser assustadoras. Por exemplo, está sendo formado um movimento pedindo que Sonia Sotomayor, a primeira juíza da Suprema Corte de origem latina e voto progressista garantido, renuncie para dar a Joe Biden a oportunidade de nomear um substituto alinhado com os democratas. O que é isso? Medo de Trump.

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PADRÃO DE VIDA

A maioria da mídia americana anuncia com frequência que “dessa vez” Trump está lascado – e são tantos os seus percalços que parecem endossar esses alarmes. Na realidade, uma camada enorme da população não liga ou acha que Trump está sendo perseguido.

Ou simplesmente constata que estava em situação financeira melhor no tempo dele, um argumento poderoso para os 47,2% dos americanos que, hoje, votariam em Trump, segundo a média das pesquisas, contra 45,5% para Biden. Tecnicamente, empate.

O presidente, segundo uma versão em off, fica furioso a ponto de proferir palavras pesadas quando vê que os bons resultados da economia não estão se refletindo nas pesquisas. Mas, segundo um estudo feito por assessores republicanos, baseado em dados do governo, a família americana média hoje precisa ganhar mais 12,3 mil dólares por ano para manter o mesmo padrão de vida de janeiro de 2021, quando Biden tomou posse.

Isso pesa. E também o fato de que Trump, segundo a definição de Michael Moore, passou a vida inteira “fazendo porcarias e se safando”. A palavra que usou obviamente não foi essa.

Será que ele vai se safar da caução de meio bilhão de dólares? Saberemos em cinco dias.

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