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Está Trump conseguindo uma imagem mais positiva antes de tomar posse?

De Jill Biden a Jeff Bezos, ele se mostra acessível, seu governo com tantas figuras exóticas vai ser aprovado e opinião pública apoia transição

Por Vilma Gryzinski 11 dez 2024, 08h36

Donald Trump vai jantar com Jeff Bezos, Donald Trump faz charme para Jill Biden, Donald Trump nem assumiu ainda e já está terminando com a guerra na Ucrânia. E também derrubou a ditadura da Síria.

Há, obviamente, um certo exagero nessas manifestações que circulam no mundo MAGA e mesmo fora dele. Mas algumas delas também têm um fundo de verdade.

Bezos realmente se disse otimista com o projeto de desregulamentação e marcou um jantar – isso do sujeito que transformou seu jornal, o Washington Post, no marco zero da militância contra Trump. E não foi o único a abrir o diálogo: Mark Zuckerberg, que fez tanto para incentivar fake news sobre Trump, também já fez o ritual de reaproximação em Mar-a-Lago.

Sem contar que a linguagem corporal entre o presidente eleito e a primeira-dama Jill Biden na cerimônia de inauguração de Notre Dame, viralizou. “Queria ter uma pessoa que me olhasse como Jill Biden fez com Trump”, brincava um dos incontáveis milhares de comentaristas.

O fato é que o comportamento civilizado dos dois, separados apenas pela cadeira onde a primeira-dama Brigitte Macron iria se sentar (e colocar no chão uma bolsa Lady Dior idêntica à da americana) chamou atenção no planeta inteiro.

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Como Trump é Trump, depois colocou a foto na sua rede e fez um merchan do perfume que vende a 199 dólares: “Uma fragrância a que nem seus inimigos podem resistir”.

Seria o Trump 2.0 uma versão mais amena do que o do primeiro mandato?

DISPOSIÇÃO OTIMISTA

Quem olha a cobertura que a maioria da imprensa faz da montagem do próximo governo acha que é um desastre indescritível, com nomes totalmente fora da curva, escolhidos para dinamitar o sistema, garantindo governo caótico e fadado ao fracasso.

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A realidade é diferente: 59% dos americanos aprovam como Trump está comandando a transição. Ou seja, mais pessoas do que votaram nele. Segundo a pesquisa CBS, 55% estão felizes ou satisfeitos com a vitória de Trump e 44% acham que o preço dos alimentos vai cair – uma expectativa tremenda, de realização quase impossível, mas que revela uma disposição otimista da opinião pública. Outra pesquisa indica que 55% acreditam que a vitória nas urnas lhe dá o mandato para fazer as reformas prometidas.

Trump também está ganhando o jogo de braço com os senadores republicanos que tinham mais reservas em relação a indicações discutíveis, como a do militar da reserva e apresentador da Fox Pete Hegseth para ser o secretário da Defesa. Além da falta de experiência para comandar as forças armadas mais poderosas da história, Hegseth também foi prejudicado por histórias sobre excesso de bebida e outros comportamentos condenáveis.

Agora, parece estar com a designação garantida. Outros nomes como Tulsi Gabbard, como diretora de Segurança Nacional, levando o ônus de excesso de simpatia por Vladimir Putin, e Kash Patel, para o FBI, também devem passar pelo crivo. O caso de Matt Gaetz, obrigado a desistir da nomeação para o Departamento de Justiça, parece que será isolado.

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Também é incontestável que a possibilidade de um acordo para acabar com a guerra na Ucrânia decorre da eleição de Trump e da realpolitik em seu aspecto mais cru: ou a Ucrânia aceita uma paz que inevitavelmente implica em perdas territoriais ou perde a ajuda americana. É justo? De jeito nenhum. Existe alternativa que não seja um confronto prolongado, sem possibilidade de vitória? Infelizmente, não.

“NOVAS ALIANÇAS”

O efeito Trump é tanto que está despertando teorias conspiratórias. O presidente colombiano Gustavo Petro, que é um especialista em ideias estapafúrdias divulgadas pelo X, disse que o regime de Bashar Al-Assad “foi abandonado pela Rússia”. E especulou: “Nova aliança com Trump?”.

“Novas alianças, novos traídos”, comentou, enigmaticamente. “Abandonarão Cuba e o petróleo venezuelano será moeda de troca? Teremos outros traídos no Caribe?”.

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Petro sempre tuíta como se alguém estivesse colocando alguma coisa na água do Palácio de Nariño, mas não é o único a especular sobre um grande acordo de Trump com a Rússia.

Nenhuma dessas especulações permite prever como será um governo Trump. Mas o pré-governo Trump tem sido cheio de surpresas. E os olhares amáveis, quase com um toquezinho de flerte, entre ele e Jill Biden foram apenas uma delas.

Também surpreendeu, embora negativamente, a forma como Trump premiou a quase ex-nora, Kim Guilfoyle: premiou-a com a embaixada na Grécia. O filho Don Trump Jr. já engatou um outro relacionamento, mas Kim tinha uma proximidade importante com o sogro e ganhou muito dinheiro para a campanha. É mais um prêmio de consolação com cheiro de nepotismo, embora embaixadas tenham sempre tido uma forma de premiar colaboradores importantes. A novidade é que sejam usadas para resolver encrencas familiares.

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