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Por Vilma Gryzinski
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É guerra ou não: todas as opções são ruins no inferno da Síria

Oposição a Trump queria que ele falasse grosso com a Rússia; agora que ele falou, por causa de ataque químico do regime sírio, está batendo o medinho

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 11 abr 2018, 17h44 - Publicado em 11 abr 2018, 14h20

O que fazer diante das imagens de criancinhas sufocadas, desmaiadas, mortas por bombas químicas que impedem os pequenos corpos de respirar?

Esse é um dos muitos dilemas criados pela guerra civil na Síria. A mistura tóxica que já devorou mais de 465.000 vidas a esta altura já é, tristemente, conhecida.

Interesses irreconciliáveis e alianças malucas, com amigos e inimigos, envolvem potências mundiais e regionais, milícias descontroladas, terroristas islâmicos que chegaram a ter um “Estado” próprio, bandos armados de cristãos e minorias muçulmanas, um regime hediondo odiado pela maioria da população, mas apoiado pelo grupos menores que contemplam o puro e simples extermínio se o “outro lado” vencer.

A crise atual ocorre, paradoxalmente, num momento de “estabilização”. Apoiado pela Rússia e pelo Irã, que tem 60.000 combatentes em campo, o regime sírio conseguiu sobreviver e se fixar em cerca de um terço do território nacional, incluindo as cidades mais importantes.

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Grupos rebeldes que não chegam a ser os mais extremistas, mas passam perto; outros insurgentes aliados à Turquia e forças armadas da minoria étnica curda, com apoio dos Estados Unidos, dividem o resto, com o Estado Islâmico ainda pontilhando o resto do mapa.

A “estabilidade” de Assad e companhia só depende da retomada de Guta, na periferia de Damasco.

Foi justamente derrubar a peça que falta o motivo do ataque com agentes químicos que produziu as cenas insuportáveis das crianças envenenadas e de outros civis sufocados nos porões onde se escondem.

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Logo que assumiu, Donald Trump mandou uma repentina chuva de Tomahawks e outros bichos destruidores sobre um aeroporto militar sírio, motivado por cenas semelhantes.

O uso de armas químicas, cujo fim a Rússia havia se comprometido mundialmente  a supervisionar, parou por algum tempo.

Agora, ele está fazendo o contrário. Tem avisado, desde domingo, que o crime animalesco de Bashar Assad não ficará impune. Também deu nome e sobrenome do responsável por bancar Assad: Vladimir Putin.

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Numa ironia que só não é de dar risada por causa da gravidade do momento, Trump está sob risco de ser implicado em algum tipo de acusação relacionada à investigação que começou com as suspeitas de colaboração espúria da Rússia com sua campanha eleitoral e acabou, por enquanto, na cama supostamente dividida com uma atriz pornô dez anos antes da eleição presidencial.

Desde a eleição de Trump, imprensa, oposição e americanos democratas em geral têm criado uma narrativa completa de um conluio criminoso do presidente com os serviços de inteligência russos..

Quando ele disse, muito recentemente, que estava na hora de trazer de volta os militares americanos que ajudaram no massacre do Estado Islâmico e ainda sustentam a parte do território sírio em poder dos curdos, foi denunciado por oposicionistas como um sabujo de Moscou.

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Ter derrubado pelo menos por alguns instantes, um dos pilares da oposição, não melhora a vida de Trump.

Se for adiante e punir o regime sírio pelo crime do uso de armas banidas, vai obrigar Putin a fazer a re-retaliação que já ameaçou  desfechar. Se recuar, evidentemente, estará desmoralizado.

Os aliados dos americanos, entre curdos e outros rebeldes, não têm cacife para agir sozinhos. E nem pensar em recorrer a Israel, que já tem um envolvimento de alta volatilidade, com o bombardeio de bases iranianas na Síria, nesse momento de corrida para a consolidação de posições.

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Quando os historiadores tentam fazer um resumo das causas da I Guerra Mundial, cujo detonador imediato foi o assassinato do herdeiro do trono da Áustria-Hungria e sua mulher, raramente conseguem uma lista com menos de uma dezena de motivos.

São todos de enorme peso: a rivalidade entre as grandes potências europeias, a ascensão do militarismo alemão, o sorvedouro dos países balcânicos, a precariedade do regime imperial na Rússia e a pura e simples capacidade humana de cometer erros catastróficos.

A investigação de sexo fortuito com uma profissional do ramo pornô poderia estar na futura lista de um confronto entre potências nucleares justamente na região onde, segundo as profecias bíblicas, acontecerá o Armageddon?

Muito provavelmente, não. Os envolvidos são todos racionais e Trump vai agir com o equilíbrio que a situação exige. Mesmo que demore um pouco só para ver  medinho bater na oposição.

A vantagem de ser superpotência é essa.

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