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Comparar judeus com nazistas revela a pulsão secreta do antissemitismo

Nas falas espontâneas, aparecem os atos falhos que demonstram os verdadeiros sentimentos - e eles são simplesmente os piores possíveis

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 19 fev 2024, 12h12 - Publicado em 19 fev 2024, 11h46

Por que comparar Israel com os nazistas? Por que não as legiões romanas, os hunos de Átila ou os mongóis de Gengis Khan, entre tantos exemplos dos horrores que a humanidade pode praticar contra si mesma?

Os motivos estão aí para todos verem. Primeiro, é a linguagem que irmana uma parte da esquerda e os fundamentalistas islâmicos. É a linguagem que aparece nos comunicados do Hamas quando se refere, repetidamente, “às forças nazistas de ocupação”. A prática tem até um nome, “inversão do Holocausto”.

Ao serem acusados de fazer o que “fizeram com eles”, os israelenses – os judeus, evidentemente – perdem o caráter único do que foi o genocídio praticado em escala industrial, jamais vista em matéria de eliminação organizada de um povo, durante o nazismo (o genocídio dos armênios foi mais “clássico”, com a morte de milhões pela fome e pela exaustão). Perdem também o caráter de herdeiros das vítimas dessa atrocidade. De certa maneira, perdem a humanidade. É o ato de antissemitismo perfeito.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler decidiu matar os judeus” foram as palavras com que o presidente Lula da Silva cavou seu lugar na história universal da infâmia.

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MISSÃO CIVILIZACIONAL

O desastre, mais do que diplomático, geopolítico, que valeu o segundo agradecimento público do Hamas ao presidente brasileiro, vai reverberar muito além da declaração de que ele é persona non grata em Israel. O papel de estadista global com que tanto imaginavam envolvê-lo está definitivamente comprometido – e os diplomatas brasileiros sabem disso muito bem.

As declarações presidenciais comprometem gravemente a posição do Brasil no cenário internacional. Os companheiros do “Sul Global” podem aplaudir, mas a marca está impressa em letras bem grandes. Todos os interlocutores civilizados com quem ele venha a interagir saberão disso.

Não é preciso conhecer A Psicopatologia da Vida Cotidiana para ver as frestas freudianas pelas quais elas escaparam, o “sem querer, querendo” popularizado por Chaves – o comediante mexicano, não o populista venezuelano.

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“As palavras vergonhosas do presidente do Brasil são uma combinação revoltante de ódio e ignorância”, disse Dani Dayan, diretor do museu do Holocausto chamado Yad Vashem – e rejeitado como embaixador de Israel no Brasil durante o governo de Dilma Rousseff.

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, escolheu o museu como cenário incomum do encontro com o embaixador Frederico Meyer para a “repreensão”, uma etapa do balé diplomático geralmente confinada às chancelarias, que acabou virando a declaração de persona non grata. Ele mostrou o nome de seus avós no livro das vítimas, a infindável compilação dos que morreram de tantas formas diferentes.

Visitar Yad Vashem é uma triste missão civilizacional. Mais triste ainda quando o opróbrio do antissemitismo agora recai sobre todo nosso amado país.

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